Chris Kyle, ex-atirador de elite dos Seals da Marinha norte-americana, foi responsável por cerca de 160 mortes durante toda sua carreira. Cumpriu, durante quatro turnos no Iraque, a missão para a qual fora treinado: garantir a proteção de seus companheiros nas operações por terra.
Ao retornar para casa, em 2009, trazia no peito dezesseis condecorações e estrelas no peito. No entanto, foi baleado durante uma de suas aulas de tiros a veteranos feridos em guerra por um dos alunos. O fato gerou comoção no país todo e, obviamente, sua história não demoraria a virar um longa metragem.
Sniper Americano é dirigido por Clint Eastwood e adaptado do livro The Autobiography of the Most Lethal Sniper in U.S. Militar History.
Após o 11 de setembro, o gênero de guerra voltou à tona e, praticamente todo ano, Hollywood lança um novo longa a respeito. Alguns obtém o sucesso e são indicados a vários prêmios, outros caem no esquecimento. Dois bons exemplos são os filmes da diretora americana Kathryn Bigelow, Guerra ao Terror e A Hora Mais Escura. Enquanto um levou para casa seis estatuetas e é lembrado até hoje, outro levou apenas uma e poucos lembram de ter assistido.
Sniper Americano é um filme que lembra Bigelow na direção. É cru, bem editado e tenso do começo ao fim. Mas peca ao exaltar ao extremo o patriotismo americano. É um filme feito para o público em massa, sendo assim, certos clichês são colocados no centro da trama. Não é a toa que esta é a estreia de maior bilheteria de Eastwood.
Assim como todos os filmes do diretor, o foco tende a ser a formação de personalidade do personagem. Kyle é retratado desde alguns episódios de sua infância com seu pai rígido até sua pequena carreira como cowboy, até chegada no exército.
Porém, apesar do objetivo ser mostrar a obsessão pela guerra e todos os seus efeitos colaterais (que envolvem família e terceiros), o longa tende a cair numa propaganda republicana. Por sorte, temos um bom diretor para não deixar isso fugir do controle.
A criação dos traumas e as situações vividas pelo soldado são bem retratados. Em certos momentos, o público pode sentir a sensação de estar ali com ele ao decidir se deve ou não puxar o gatilho. Assim como pode sentir a tensão de sua esposa ao ter (ou não) notícias dele durante o tempo no Iraque.
Bradley Cooper é o responsável por trazer Chris Kyle às telonas e faz mais um excelente trabalho no ápice de sua carreira. Não é de hoje que o ator coleciona elogios por suas atuações. Este será seu terceiro ano seguido concorrendo ao Oscar. Em 2013 e 2014 passou raspando como melhor ator em O Lado Bom da Vida e ator coadjuvante em Trapaça, respectivamente. Devido à forte concorrência, é provável que fique mais uma vez no quase na categoria de melhor ator. Mas isso não desmerece a ascensão do ator, que deixou de ser só mais um rostinho bonito para integrar o time de grandes atores da atualidade. Um dos atores que melhor entende seu papel e o procura fazer de maneira eficaz.
Com características técnicas apuradas, boa edição e uma excelente atuação de Cooper, Sniper Americano é um longa ao melhor estilo Clint Eastwood, mas peca no patriotismo que só interessa aos próprios americanos. Independente disso, é fato que a adaptação funciona como um bom filme, mas perto de seus concorrentes ao Oscar de melhor filme, não tem a menor chance.

