Jogos Vorazes: Em Chamas


Eu não assisti Jogos Vorazes. Quando o filme estreou eu mal sabia do que se tratava, e, ao descobrir que era adaptação de um livro para adolescente e tinha romance envolvido, imaginava que era mais um filme pegando a ponte entre o fim de Harry Potter e a ascensão de Crepúsculo. Retiro tudo isso que disse.


Com o passar do tempo, algumas pessoas me indicavam o filme, mas eu não levava fé. Até que um dia, uma pessoa me disse que não era só uma história de aventura adolescente, nem um triangulo amoroso, mas que havia toda uma crítica social e era isso que o tornava interessante. Mesmo com meu interesse aumentado, sempre tinha um filme na frente da minha lista e esse ficava para depois. Até que estreou Jogos Vorazes: Em Chamas e todo mundo passou a comentar sobre. Não tive a oportunidade de ver o primeiro ainda (Maldito Netflix que tirou do ar), mas decidi assistir a sequência sabendo apenas de alguns detalhes do anterior.

Após sobreviver à última edição dos jogos e de quebra salvar o amigo Peeta, Katniss se torna um símbolo da revolução dos distritos contra a Capital. Sem querer problemas, o presidente Snow decide usar o falso romance entre Peeta e Katniss para distrair a população e, ao mesmo tempo, abalar a imagem da jovem. Sem conseguir controla-la, o déspota decide realizar uma nova edição dos jogos com vários antigos ganhadores. Assim, o "casal" se vê de volta à arena, agora tendo que enfrentar verdadeiros assassinos.

O filme consegue atingir não só aquele fã histérico da saga, como também empolga o que está no cinema para ver apenas um bom filme. E esse é o resultado, um bom filme com uma ótima história. São 2h30 que parecem durar trinta minutos. Quando chega ao fim, a expectativa para o próximo é a maior possível. Acredito que, em uma adaptação de uma saga, os filmes entre o primeiro e o último servem para preparar o público para o final deixando aquela sensação de “quero mais”, e Em Chamas cumpre muito bem esse papel.

O primeiro ato, que antecede a abertura dos jogos, possui um cunho político muito grande. Não existe tanta movimentação, é verdade, mas é um ponto determinante na trama. Logo na primeira cena, percebi o quão forte era aquela história. A manipulação da massa, o descaso dos governantes pelo povo e as atitudes deles em função de benefícios próprios são assuntos tão atuais que podemos identificar semelhanças ao mundo em que vivemos e nos fazer pensar.

Já o segundo ato é focado nos Jogos e é onde a ação acontece. Apesar de achar que algumas cenas são apenas para preencher o tempo, todas elas funcionam e se encaixam perfeitamente. A mescla entre o que acontece na arena e o que acontece nos bastidores com os idealizadores da competição é precisa.

Quanto à direção, Francis Lawrence faz um bom trabalho e pode se dizer que o mérito da qualidade do filme é todo dele. É muito difícil conduzir uma adaptação com todos os elementos em sintonia, mas ele faz com muita competência. Conheço muito pouco do seu trabalho, gosto de Constantine, mas Eu Sou a LendaÁgua para Elefantes nem tanto.

Até você, Jennifer Lawrence?

As atuações funcionam muito bem. Donald Sutherland faz um ótimo trabalho no papel do presidente. Ele faz o tipo ditador e tem participação ativa na trama, já que é ele quem dá início à repressão. Junto a ele está nada mais, nada menos do que Phillip Seymour Hoffman interpretando o idealizador dos Jogos e que, de certa forma ajuda a construir todo esse teatro para evitar uma revolução do povo. Além disso, a personagem tem um peso enorme no desfecho da história, essa que apenas quem leu sabe.

Uma atuação que também posso destacar é de Lenny Kravitz. Não gosto do cara como cantor, muito menos ator, mas posso lhes dizer que seu papel dá o tom do que é a simbologia no filme. Cinna é o estilista de Katniss e é o responsável por esquentar os ânimos ao usar seu trabalho para aumentar a voz do povo diante dos acontecimentos. Aliás, símbolos para mostrar a força da massa não faltam. O tordo talvez seja o mais significativo. Uma boa representação de como as pessoas se apegam a certos elementos para ter esperança.

Já o casal de protagonistas possui a química na medida certa. Ouvi muito a respeito dos dois não convencerem no primeiro filme, mas não foi o que vi. Um parece realmente se importar com a vida do outro. Um romance agradável, pouco meloso. Se fosse para destacar um ponto negativo entre os dois é a atuação de Josh Hutcherson em algumas situações. O garoto não transmite segurança, me lembra muito o Elijah Wood no papel de Frodo no primeiro Senhor do Anéis. Sempre a mesma expressão.

A vencedora do Oscar, Jennifer Lawrence não me convenceu em quase nenhum dos filmes em que assisti dela, Inverno da Alma, talvez. Mas finalmente eu posso dizer que essa menina tem tudo para se consolidar como uma das melhores atrizes da atualidade. Ela é uma verdadeira fortaleza nesta trama, não faz o tipo de garota indefesa como muitas atrizes da sua idade (23). Katniss é forte, é guerreira e não consegue esconder sua insatisfação em fazer parte dessa manipulação, principalmente por ter vindo dessa mesma massa manipulada e sofredora. Lawrence transmite isso com perfeição.

Jogos Vorazes: Em Chamas queimou minha língua e fez com que eu me interessasse por mais uma saga de aventura, coisa que não acontecia desde Harry Potter. A história num contexto geral é excelente e o argumento é criativo. É sim, voltado para o público jovem, mas acerta ao não desprezar a inteligência do mesmo. A mensagem transmitida pelo filme pode significar muito nos dias de hoje, em que o povo tem descoberto sua verdadeira força.

Vou correndo ver o primeiro, e aguardo ansiosamente o terceiro. Tá legal, Jogos Vorazes, você venceu, a partir de hoje você tem minha atenção.

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