Em 2010, a jornalista americana Nancy Jo Sales publicou uma
reportagem na revista Vanity Fair chamada
Os Suspeitos Usavam Louboutins, em que contava o caso sobre um grupo de jovens de
classe-media alta em Hollywood que roubavam casas de celebridades por diversão.
A brincadeira custou cerca de 3 milhões de dólares e o final não foi tão bom
assim para os criminosos. Agora, Sofia
Coppola é a responsável por levar a história para o cinema com o nome de Bling Ring: A Gangue de Hollywood.
Nunca fui
fã da filha do Poderoso Chefão como diretora. Mas não posso negar sua
habilidade e coerência em seus trabalhos. Sofia Coppola parece gostar de abordar
temas e transformá-los em metáforas sobre pessoas que possuem alguma forma de
vazio dentro delas. Apesar de considerar seu ritmo lento demais, em Bling Ring a diretora conseguiu dar o
timming perfeito dos acontecimentos e soube dosar a aparição de cada personagem
até que todos consigam atingir seu ápice e destaque na trama.
No
roteiro, Coppola também fez um retrato sem julgamento sobre a vida desses
jovens em suas mansões usando uma linguagem atual e realista, onde qualquer
pessoa que lida com adolescentes nos dias de hoje sabe como é. Não que todos
sejam assim, mas atualmente é só ligar a televisão (ou Youtube) e o que vemos
é um excesso de sexualização. Músicas, personalidades, fotos em revistas e até
mesmo produções de vídeos bombardeiam os espectadores no intuito de fazê-los
acreditar que aquele mundo é o ideal, aquilo é os deixarão completos. Se
pessoas do mundo inteiro caem nessa conversa
e querem agregar valor ao camarote, imaginem adolescentes que vivem ali, no
olho do furacão em Beverly Hills. Os jovens não precisam roubar as casas de
Lindsay Lohan, Orlando Bloom ou Paris Hilton, mas a ideia de possuir e curtir
seus minutos de fama (seja ela entre seu circulo social ou midiático os atrai
de maneira incessante.
E se toda
essa questão social é levantada pelo roteiro, ela só pode ser percebida se
analisada com atenção. Em uma primeira impressão, vemos personagens rasos.
Nenhum deles tem seus conflitos internos demonstrados, a não ser o único garoto
do grupo e que nem é tão explicitado assim. Muita gente pode sair da sala
achando um filme superficial sobre luxo, festas, sexo e drogas e julgá-lo ruim.
Não é.
Hermione, é você?
Boa parte
do elenco de Bling Ring não é
conhecido, mas faz um bom trabalho num contexto geral. Os diálogos são naturais
e bem desenvolvidos. Todos os atores membros da gangue parecem ser aqueles
descritos na história real.
No entanto, uma bem
conhecida do público faz com que o filme ganhe uma notoriedade maior. Emma Watson faz o papel de Nicki, uma
garota que sonha em ser modelo e famosa e faz com que isso aconteça a qualquer
custo. Lembra aquela aluna genial de Hogwarts? Pois é, esqueça ela. Apesar de
sua cara de adolescente, Emma Watson já é uma mulher e se mostra uma ótima
atriz. Sabe ser sexy, ácida e sínica ao mesmo tempo. Sua personagem é a típica
adolescente que acredita ser superior aos outros. Aparece pouco no começo, mas
vai amadurecendo até se tornar um dos pilares da história. É difícil esquecer sua imagem como Hermione, mas mantendo o nível atual e tendo em vista seu
tempo de carreira pela frente, em alguns anos a veremos como uma atriz
completa, não uma revelação.
Com uma
dose de humor nos diálogos e bom argumento, Bling Ring: A Gangue de Hollywood é uma história simples, mas que
carrega ótimas metáforas do que é o jovem hoje em dia. O público pode até achar
que tudo aquilo que acontece é superficial e exagerado, e é, mas
quem é que disse que não é real?
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