O Hobbit: A Desolação de Smaug


Depois de assistir O Hobbit: Uma Jornada Inesperada há praticamente um ano, escrevi aqui que os fãs de O Senhor dos Anéis iram amar essa nova trilogia. E depois das críticas ao primeiro filme, parece que esse foi o objetivo de Peter Jackson para fazer a sequência.

 A Desolação de Smaug dispensa apresentações, mas vale ressaltar que a sequência antes do lançamento era uma incógnita. Onde Jackson estava com a cabeça para transformar um livro de 300 páginas em três filmes de praticamente três horas, e pior, com o primeiro praticamente terminando naquilo que seria a metade do livro? Vamos lembrar que O Hobbit também é um livro infantil. O desafio é grande.

Uma Jornada Inesperada serviu de introdução, tem mais diálogos, explicações e situam o espectador na trama, mas possui um número gritante de cenas cômicas e canções, o que dá a impressão de que tudo será mesmo levado como o livro. Uma aventura praticamente de infanto-juvenil.

Já o sucessor parece querer dizer que tudo aquilo passado anteriormente foi um grande mal entendido. As cenas engraçadas dão espaço para um clima sombrio, maduro, provando que daqui pra frente a coisa vai esquentar e muito (literalmente). O roteiro, que antes unificado em apenas na jornada dos anões, passa a ser dividido com outras sub-tramas ligadas umas às outras. Para se ter uma ideia, temos praticamente três antagonistas diretos para o desfecho do terceiro filme.

A criação da elfa Taurin é um dos grandes acertos da trama. Interpretada por Evangeline Lilly, a personagem não existe nos livros e foi criada para que houvesse alguma mulher na história, já que quando J.R.R. Tolkien a escreveu, a mulher ainda sofria uma repressão muito grande. Taurin é um grande destaque ao lado de um velho conhecido nosso, Legolas. Os dois fazem parte de uma dessas sub-tramas que dão um tempero a mais no longa.

Outro bom acontecimento paralelo é a busca de Gandalf pelo Necromante. Posso lhes dizer que a cena é de arrepiar até aquele que viu O Senhor dos Anéis uma vez na vida. Ver o Mago Cinzento em ação nos faz lembrar um pouco da cena nas Minas de Moria em A Sociedade do Anel.

Aliás, boas sequências não faltam neste novo filme. Uma boa perseguição envolvendo anões, orcs, elfos e uma correnteza é sinal de que Peter Jackson não perdeu a mão nas conduções das batalhas épicas. Tudo é tão bem coreografado que o público consegue identificar bem os acontecimentos, até aqueles mais isolados e confusos no meio de tanta gente lutando.

Smaug, o Magnífico

O elenco é praticamente o mesmo, com a adição da já citada Evangeline Lilly e Orlando Bloom de volta ao papel de Legolas. Sinceramente, achei um tanto quanto falha a maquiagem do ator. Sua aparência está um pouco envelhecida em comparação ao elfo de dez anos atrás. Por se tratar de um filme que se passa muitos anos antes de O Senhor dos Anéis, poderiam ter caprichado um pouquinho mais nisso e deixá-lo com um rosto mais jovem. No mais, o ator desempenha um bom papel.

Ian Mckellen aparece pouco, mas mais uma vez não decepciona como Gandalf. O cara é simplesmente genial.

Já os dois grandes pilares do longa estão no título. De um lado, o hobbit Bilbo, de outro, o dragão Smaug. É muito difícil fazer com que um dragão computadorizado fale sem parecer tosco. Smaug é sem dúvidas um dos melhores dragões feitos no cinema pelo fato do mesmo não apenas voar e cuspir fogo, mas ter uma inteligência que justifica sua estadia no reino dos anões. A prova disso está em seu diálogo com Bilbo.

A cena entre os dois é deveras interessante. O dragão sabe muito bem das intenções do hobbit, mas ao invés de matá-lo de imediato, passa a fazer jogos psicológicos. Enquanto Bilbo, em uma fantástica interpretação de Martin Freeman entra no jogo e faz de tudo para poder fugir com aquilo que deseja. O resultado é bastante positivo e deixa o público apreensivo. A interação entre os dois, é, sem dúvidas uma das melhores coisas do filme. Ali sentimos toda a mágica da trilogia anterior.

Assim como O Senhor dos Anéis, a trilogia de O Hobbit começa a ganhar corpo com o filho do meio. A Desolação de Smaug ainda não atinge o ápice e está longe disso, mas se formos levar em consideração sua evolução ao longo de suas quase três horas e seu final turbulento, boas coisas estão por vir em Lá e de Volta Outra Vez, daqui um ano. Quando se trata da Terra-Média, não podemos duvidar de Peter Jackson.

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