Carrie, A Estranha


E não é que a indústria do cinema resolveu mexer e atualizar mais ícone do terror? Carrie White foi a da vez. 

Pobre Carrie. Pobre Stephen King. Pobre espectador.

Carrie, A Estranha foi o primeiro livro de Stephen King. Lançado em meados de 1974, ele narra a história de uma garota perseguida por seus colegas de escola e impedida por sua mãe, uma fanática religiosa, de levar a vida como as meninas de sua idade. Porém, Carrie possui poderes telecinéticos que a faz querer vingança daqueles que a maltrataram após uma pegadinha em pleno baile de formatura. O sucesso do livro foi tanto que, dois anos depois, Brian De Palma levou a trama para as telonas, criando um clássico do terror com John Travolta e Sissy Spacek no elenco.

Atualmente, com essa mania sem fim de fazer remakes de clássicos, já era de se esperar que a pobre garota paranormal voltaria às telonas. Tã dããã…

Com o mesmo título, o filme de 2013 é dirigido por Kimberly Peirce, que procura fazer tanto uma readaptação do livro, quanto um remake do clássico com uma única adição: O cyberbullying. Podemos dizer que consegue em cenas pontuais, mas o resultado é um filme sem expressão alguma.

A cena do chuveiro é a que mais vale destacar pela qualidade. A direção foi competente e as atuações foram muito bem trabalhadas, o que faz com que o público fique ao lado de Carrie, sentindo sua frustração e desespero ao menstruar pela primeira vez. Fim do filme.

Sim, essa é a sensação que tive no decorrer da trama. Enquanto De Palma se preocupava em fazer com que o espectador assistisse ao filme no ponto de vista da garota, para nos aproximarmos dela, apenas dela, Peirce produz mais um longa de terror teen, o que mais parece um Meninas Malvadas com sangue. Não tem susto, não tem suspense, não tem drama, não tem tensão. Tudo é muito raso e sem exploração alguma. Sabemos exatamente o que, como e quando vai acontecer.

Além disso, o complexo de didática que assombra Hollywood ataca novamente. Um filme de terror acerta quando o público se vê obrigado a entrar no clima e imaginar os acontecimentos da história no decorrer dela. Mas não é o que acontece nesse, em que tudo é tudo muito bem explicadinho, sabemos quem são os malvados, os bonzinhos e vemos as mortes uma por uma. Só faltou alguém da produção aparecer e dizer “Vocês estão entendendo o que está acontecendo, crianças?”.

Obviamente, como tudo tem seu lado positivo, podemos destacar as atuações das protagonistas e até mesmo um acerto (entre mil erros) da diretora, que optou por deixar o expressionismo e os olhos arregalados de Sissy Spacek de lado e dar espaço para uma Chlöe Moretz um tanto quanto mais segura de si. Claro, a personagem que lhe foi oferecida não ajuda, até porque, nesse filme, Carrie não é estranha, mas apenas uma garota com problemas de convívio com outras pessoas. No entanto, a jovem atriz faz o que pode para dar ao menos um pingo de carisma à personagem.

Já a outra pode ser considerada o melhor ponto do longa. Julianne Moore interpreta a mãe de Carrie, uma fanática religiosa que nos faz entender porque a garota é daquele jeito. A experiente atriz dá um show de atuação que até nos motiva a continuar vendo o filme.

Sem sal, previsível e completamente descartável,  American Pie do terror Carrie, A Estranha peca em vários aspectos e decepciona assim como muitos outros remakes. Você assiste o filme e, quando ele acaba, tem a impressão de não ter visto nada. É uma pena que, no ápice da tecnologia, a industria do cinema utilize tão pouco sua inteligência textual a seu favor. Ah, se fosse há 30 anos atrás.

                                       Nota:

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