O Hobbit: A Batalha dos Cinco Exércitos


Imagine-se vivendo em um determinado lugar por cerca de 14 anos. Neste tempo, precisou deixa-lo por um tempo mas, por saudade ou até pela ligação com o lugar, acabou voltando. Afinal, você já conhece os habitantes dele, seus modos, cultura e até idiomas. Agora, pense que depois de tanto tempo, é hora de se despedir, ir embora de vez. Pois é, não é fácil. Peter Jackson que o diga. 

Hobbit: A Batalha dos Cinco Exércitos é a conclusão das aventuras de Bilbo Bolseiro. Depois de recuperar a Montanha Solitária do dragão Smaug, Thorin Escudo de Carvalho fica obcecado pelo ouro e sacrifica sua honra para guardá-loMas há ameaças ainda maiores pela frente. Anões, elfosorcs e humanos se preparam para a batalha do título. 

Tendo em vista que apenas os livros já adaptados tem suas licenças vendidas ao cinema, este é, provavelmente, a despedida de Peter Jackson na franquia. Mas, convenhamos que o diretor já usou e abusou de toda a Terra Média. Afinal, foram seis filmes de quase três horas cada um. Nesta ultima trilogia, Jackson resolveu fazer malabares para adaptar um livro de 328 em três filmes e quase nove horas ao todo.  

Como disse anteriormente aqui e aqui, a saga Hobbit é completamente voltada aos fãs de O Senhor do Anéis. A matemática é simples: Quem gostou da trilogia anterior, gostará da atual, quem não, que passe longe do cinema e é isso.  

Todo mundo sabe que é chover no molhado falar que três filmes para a franquia é demais. Mas, infelizmente é esse fardo que ela carrega durante todos os longas. Cenas desnecessárias e pequenas tramas prejudicam o andamento desde o primeiro filme. No entanto, seria uma atitude equivocada não reconhecer os méritos de Jackson em relação ao desfecho da trama. 

A Batalha dos Cinco Exercitos é o menor longa e o mais eficiente que seus antecessores. O diretor, ao lado de mais três profissionais (incluindo Gulhermo Del Toro), produziu um roteiro bem amarrado para fechar todas as pontas soltas, porém, o problema antecedente ainda o prejudica na narrativa.  

O filme começa exatamente onde A Desolação de Smaug termina, com o dragão atacando a Cidade do Lago. Porém, o ataque, o momento mais esperado e que mais criou expectativa para esse terceiro filme é reduzido a uma introdução. Qual é, Peter Jackson? Ano passado, todo mundo  saiu do cinema ansioso depois da clássica frase "I'm firei'm death", entoado pelo dragão e você me faz isso? Ok, a sequência é ótima e Benedict Cumberbatch faz mais uma dublagem excepcional, que mantém o carisma ao personagem, mas poxa... 

Passado o trauma de perder o dragão logo no inicio, o filme consegue desenrolar bem. O principal trunfo da trama é colocar Bilbo como um coadjuvante de luxo e focar em Thorin. Um dos personagens mais interessantes da história deHobbit merecia uma atenção especial. Seus sentimentos de rancor, medo, ganância e apego a seus companheiros formam a personalidade do anão, em um belo trabalho do ator Richard Armitage 

No decorrer da trama, outros bons elementos se destacam. Entre eles, está um duelo de Saruman (Christopher LeeElrond (Hugo Weaving) contra os soldados de Sauron, uma das melhoras sequências do longa. Mas o grande trunfo está nas batalhas. Jackson soube muito bem sair da mesmice de utilizar CGI com milhões de soldados em guerra e passou a focar mais nos duelos individuais. Sendo assim, podemos ver os personagens principais em ação por mais tempo. Gandalf (Ian McKellen) e Bard (Luke Evanssão dois que desempenham bons papéis, tanto durante as batalhas, quanto nos momentos em que exigem atuação. Sem contar o confronto entre Thorin e Azog, muito bem desenvolvida. 

No entanto, para mais uma vez preencher o tempo, é nítido que o diretor apela para fã para obter sucesso. Legolas é, talvez, o maior exemplo disso. Orlando Bloom volta ao papel que o consagrou, mas um tanto quanto forçado. Apesar de boas sequências, não existe aquela empolgação de vê-lo em ação novamente. Além disso, existe uma sub-trama que o envolve junto à Tauriel, interpretada por Evangeline Lilly, seu pai Tranduil (Lee Pace) e Kili (Aidan Turner), essa talvez a mais desnecessária de todo o roteiro. Piegas e clichê. 

Martin Freeman, por sua vez, desenvolve bem o papel de Bilbo. Sua performance é melhor que a de Ellijah Wood como Frodo. Seu carisma é ainda mais evidente neste filme, em que ainda como segundo plano, se mostra importante para o desenrolar da história.  

Independente da fidelidade do livro, o filme funciona, assim como seus anteriores, para os amantes da série. Quem é fã, irá gostar bastante das referencias ao Senhor dos Anéis usadas neste terceiro filme.  

Tecnicamente impecável, Hobbit: A Batalha dos Cinco Exércitos paga pelo erros de narrativa dos anteriores, mas finaliza bem a saga e fecha as pontas em um roteiro bem produzido. No entanto, não chega nem perto do ápice que foi O Retorno do Rei. Na verdade, a trilogia toda não passa nem perto do que foi a do Senhor dos Anéis e foi esse o maior erro de Peter Jackson: Tentar criar uma sequência tão grandiosa quanto foi sua primeira experiência na Terra-Média. "Ou Você morre como herói, ou vive o bastante para se tornar o vilão." Já dizia, Harvey Dent. 

Sendo assim, nos despedimos de vez das terras dos magos, anões, elfoshobbits e porque não, orcs. Pode não ter sido o ideal, mas ainda assim deixará saudades. 

 Nota:

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