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Invocação do Mal 2
O Poltergeist de Enfield foi um dos casos paranormais mais documentados da história. Nele, uma família composta por uma mãe e quatro filhos percebe uma manifestação paranormal na casa e, logo em seguida, passa a tomar o corpo de Janet, uma de suas filhas. Vizinhos, imprensa, policiais e estudiosos relatam, em documentos oficiais e entrevistas tudo o que viram. E apesar do casal Warren não constar em nenhum dos arquivos, a história serviu de base para o roteiro de Invocação do Mal 2.
Também dirigido por James Wan, o filme mantém a premissa de seu antecessor, com Ed e Lorraine Warren como protagonistas enfrentando mais um caso paranormal. Desta vez, o casal acabara de solucionar o caso de Amityville, quando é chamado pela igreja para viajar à Inglaterra e observar o caso de Enfield de perto, pois apenas a confirmação do casal os fariam tomar conta do caso.
Há muito tempo, o gênero do terror passa por uma certa crise. Filmes com pouca inspiração e no piloto automático dominam as salas com certeza de público, este muito fiel. Os enredos são fracos, pecam por finais genéricos e o que antigamente era feito para se ter medo, angústia, hoje virou apenas uma máquina de sustos. Porém, há algumas pessoas em Hollywood dispostas a trazer o gênero ao seu auge novamente, James Wan é uma delas.
O diretor conseguiu, em 2013, com Invocação do Mal dar um novo fôlego à categoria. Portas e corredores davam o ritmo em um filme maduro. Ele conhecia seu público, e, mesmo com diversos clichês, se preocupava muito mais em entregar o que prometia, o que incluía uma estética clássica e muito inteligente.
Invocação do Mal 2 possui o mesmo potencial do primeiro. Desta vez, Wan não precisava conquistar seu público, mas agradá-lo, e conseguiu fazer com muita maestria. O diretor malaio não precisou reinventar a roda nem inventar muito, bastou utilizar fórmulas parecidas e um pouco mais de ambição para que o resultado saísse de forma mais satisfatória que o esperado. Destaque também para as questões técnicas, como a bela fotografia e montagem dinâmica.
O primeiro ato do filme é uma verdadeira obra prima. Com o foco maior na família de Enfield, o longa abusa do suspense, geração de expectativa e alguns sustos esporádicos. O espectador fica a todo momento esperando algo, seja ele num desfoque, algum canto escuro, ou até mesmo no silêncio de cada take. As sequências bem elaboradas e a construção da narrativa fazem com que ele não se torne gratuito, susto-por-susto. Alguns podem reclamar do excesso de cenas de diálogos, mas ele realmente dá tempo para que os personagens se apresentem e criem uma ligação direta com o espectador.
Quem contribui muito para isso são as excelentes atuações da mãe Peggy, interpretada por Frances O’Connor e a talentosa mirim Madison Wolfe no papel de Janet. A garota executa um trabalho surpreendente com um olhar firme e tensão profunda.
No outro núcleo, vemos os Warren, mais uma vez muito bem interpretados por Vera Farmiga e Patrick Wilson, em casa, enfrentando as consequências do caso de Amityville tanto com as entidades paranormais, quanto com o mundo real. Esse lado é um pouco mais arrastado e não contribui tanto para o andamento do filme a não ser para construir uma narrativa com mais gordura. Ainda assim, consegue bem, pois como dito anteriormente, os Warren não constam nos documentos oficiais do caso e os roteiristas precisavam fazer uma ligação do casal com os acontecimentos em Enfield. Uma construção bem feita, porém com cenas um tanto quando desnecessárias.
O único problema do longa está em seu desfecho. Ainda que seja um climax grandioso, ele peca por cair na mesmice dos filmes de terror atuais em geral. Tudo é muito bem explicado e isso perde um pouco da força de seu roteiro. Bastava uma conclusão mais simples e menos didática e o filme explodiria mentes
Sem precisar reinventar a roda, Invocação do Mal 2 não revoluciona o gênero, mas traz ele de volta ao primeiro escalão do cinema com um filme de traços clássicos, a começar pelo seu letreiro de introdução(!!!!). Pela primeira vez em muitos anos (e põe muitos nisso), uma sequência chega tão perto de ser melhor que seu antecessor. A discussão pode ir longe, mas é fato que aInvocação do Mal e Invocação do Mal 2 já entraram para o escasso hall de clássicos modernos do terror.

Vinicius Machado quinta-feira, 23 de junho de 2016
Warcraft - O Primeiro Encontro de Dois Mundos

Já virou chavão falar que adaptações de games para o cinema tendem a fracassar. Alguns até chegaram perto de obter sucesso como o primeiro Resident Evil e Terror em Silent Hill, mas nenhum sequer chegou perto do memorável e o gênero acumula mais fiascos do que sucessos. Ainda assim, o mercado se mantém em alta e todos os anos há ao menos um lançamento. Em 2016, sem contar com o já lançado Angry Birds, serão dois: Assassin's Creed e o recém lançado Warcraft.

Warcraft - O Primeiro Encontro de Dois Mundos conta a história óbvia do subtítulo. A cidade de Azeroth se vê à beira de uma guerra quando suas terras são invadidas por guerreiros Orcs, que tiveram suas terras destruídas e procuram um novo local para colonizar. De lados opostos, dois heróis são colocados em confronto para decidir o destino de suas famílias, seu povo e seu lar.  

A direção do filme é feita por Duncan Jones, filho de David Bowie e uma grande promessa da indústria. Seus dois últimos filmes, Lunar e Contra o Tempo são muito elogiados e possuem diversas qualidades, estas pouco explícitas em seu novo longa, mas não por sua culpa.

Um dos grandes problemas de Warcraft está em seu roteiro. O filme sofre para criar empatia com os personagens e tudo parece acontecer sem conexão alguma, muito provavelmente por conta de seus 40 minutos reduzidos no corte final. Deixaram ação de mais e história de menos. A impressão é que os produtores queriam agradar os fãs com referências e se esqueceram de conquistar o público comum e potencial.  

O início é uma grande introdução de game. O CGI, prejudicado pelo 3D, é exagerado e muitas vezes o espectador se sente assistindo aqueles vídeos antes de começar a jogar. A captação de imagens impressiona, mas não consegue salvar o primeiro ato de ser maçante. Porém, quando o núcleo muda para o lado dos humanos, a situação fica ainda pior. Os personagens parecem completamente perdidos e, onde deveria haver uma empatia com o público, na verdade parece ser um vazio. Os acontecimentos são mostrados sem naturalidade e sem muita explicação. Exemplo disso é a relação de Lothar, interpretado por Travis Fimmel e seu filho, onde aparece poucos diálogos e só depois no meio do filme você lembra que ele existe.

Lothar, inclusive, é uma versão bem menos carismática de Ragnar, personagem de Fimmel na série Vikings. Suas expressões e diálogos parecem preguiçosos, um tanto quanto no piloto automático. O restante do elenco o segue e também fazem um trabalho razoável, perdido e pouco a vontade por estar lidando com chromas e mais chromas.

Paula Patton é a que mais se destaca no meio de tantas atuações razoáveis. É dela o papel mais versátil do longa, uma Orc (ou não, eles não explicam isso no filme) prisioneira que faz um papel duplo, ora se identificando com os humanos, ora com o povo que o prendeu. No entanto, sua caracterização é a mais falha. Em meio a tantos Orcs gigantescos e feios, ela é a única que se parece com uma humana não fosse sua cor verde e sua dentadura de chiclete, que inclusive prejudica muito sua dicção.  

Confuso, cheio de pontas soltas e mal planejado, Warcraft - O Primeiro Encontro de Dois Mundos paga o preço de deixar 40 minutos de filme de fora. Conquista os fãs mais assíduos, mas perde completamente a mão quando o assunto é convencer o público geral. Ele pode até ser uma das melhores adaptações dos games, mas antes de tudo, é preciso funcionar como filme, mas isso ele não faz nem pela Horda, nem pela Aliança.

Nota:

Vinicius Machado sexta-feira, 3 de junho de 2016
Capitão América - Guerra Civil


Eu não vou começar esta crítica com a introdução que faço habitualmente. Afinal, são oito anos e treze filmes para chegarmos até aqui. E se você curte o mundo geek, vive no Planeta Terra e no século atual, sabe ao menos uma parcela do história do Universo Cinematográfico Marvel.
Capitão América - Guerra Civil é a abertura da terceira fase do universo. Após os acontecimentos de Nova Iorque, Sokovia e agora na Nigéria, a sociedade passa a ver os heróis como ameaçadores. Enquanto eles acreditam estar salvando as pessoas, elas acreditam que as consequências negativas são piores do que as positivas. Sendo assim, o governo passa a impor um tratado para que todos eles se registrem e sejam propriedade do governo. Assim, Os Vingadores só poderão entrar em ação sob autorização das autoridades. Tony Stark, por conta do peso na consciência pelos acontecimentos de Ultron, acaba aceitando o tratado. Já Steve Rogers não concorda e isso faz com que o restante dos heróis tome partido para um lado, o que resulta da Guerra Civil.
Esqueçam as HQs. Sim, este é o primeiro passo para que se tenha uma experiência completa ao ver este filme. Se está indo ao cinema esperando uma adaptação fiel, tira essa ideia da cabeça e acredite, veja isso como um dos grandes pontos positivos do filme. Isso porque a Marvel de uma vez por todas decidiu que agora o MCU anda praticamente com suas próprias pernas. Há, sim, uma base feita a partir dos quadrinhos, e deve haver, mas Guerra Civil mostra que não isso não é uma regra para seguir o mesmo roteiro. Até porque também não há um universo tão expandido assim. Filme é filme, quadrinho é quadrinho.
O primeiro ponto a se destacar é o amadurecimento da Marvel em quesito filme. É notório que as produções ganham cada vez mais coerência e crescem como produções para o cinema. Inclusive na distribuição de tempo em que cada fato acontece. Este não perde mais tempo com introduções nem mesmo a personagens novos. Ao contrário, passa a demandar melhor o tempo de tela de cada um de seus personagens, tarefa difícil desde o primeiro Vingadores.  
Os irmãos Russo, diretores do longa, são os grandes responsáveis por isso. Mérito maior ainda quando se fala da construção da narrativa, que é todo o desenvolvimento até chegar no embate que leva o nome do filme. Tudo nele é redondo, há uma coesão, uma razão para acontecer e quase nenhuma ponta fica solta no meio da trama. Além disso, o enredo levanta suas questões de maneira inteligente, sejam elas políticas ou pessoais. É incrível como o filme gira em torno de diversas sub-tramas e cresce ainda mais quando elas se chocam.
Resultado disso é a situação em que os fãs que se empolgaram nesta onda de hashtags vão encontrar na hora de decidir um lado. No filme, os dois argumentos são plausíveis, os dois lados estão certos e estão errados ao mesmo tempo. As questões fazem com que o espectador entre em conflito. Afinal, são heróis contra heróis.
Aliás, este é um ponto que se destaca e muito dentro do longa. Desta vez, não há invasão alienígena, robôs gigantes, portais dimensionais, destruições em massa ou qualquer outra coisa do gênero. O embate agora é corpo a corpo, herói contra herói e a cena em que isso acontece é uma das melhores já feitas em filmes de super-heróis. Todos possuem tempo de tela o suficiente para que mostrem seus poderes e a mistura entre ação, drama e comédia é muito bem distribuída na sequência. Além dessa, há ao menos mais duas ou três que empolgam qualquer um.

As cores vibrantes perdem um pouco de seu brilho na tela e o tom cômico que dominava os filmes anteriores agora dá lugar a um clima tenso. A dosagem de humor é bem feita com exceção a uma cena ou outra, mas nada que prejudique o andamento do filme. O segundo ato, por exemplo, é triste, frio, com pouquíssimo humor e sequências incríveis.
Quanto aos personagens, os dois grandes destaques ficam, coincidentemente, aos estreantes na tela Marvel. O Pantera Negra cresce muito bem dentro do filme. Interpretado por Chadwick Boseman, T'Challa possui diversas camadas e quando entra em ação não decepciona nem um pouco. Faz com que o público sinta curiosidade de saber mais sobre ele. Já o outro é o nosso amigo da vizinhança. Tom Holland é o Peter Parker mais fiel até agora. Todas as cenas dele são sensacionais seja em ação ou fazendo graça. Com certeza foi uma ótima introdução ao personagem.
Já os heróis conhecidos, os grandes destaques vão para os principais. Chris Evans e Robert Downey Jr. Se aprofundam em seus personagens e entregam um resultado mais que satisfatório. O conflito de cada um é estampado em suas feições. Evans por ter que se rebelar e sua relação com Bucky, e Downey Jr. pelo peso que carrega nas costas. A rusga entre os dois heróis já existia desde o primeiro Vingadores e desta vez evolui de vez.
Porém, como nem tudo são flores, Guerra Civil por ironia peca exatamente da mesma forma em que os quadrinhos pecam: A promessa de revolução do universo. A conclusão do filme poderia ter sido melhor explorada, mas provavelmente os executivos falaram mais alto e o final acaba sendo basicamente convencional.  
Outra decepção são os vilões da trama. Enquanto Ossos Cruzados é desperdiçado, Daniel Brühl faz uma construção um tanto quanto errada do Barão Zemo. Suas motivações são fracas e soam desnecessárias dentro de uma trama tão bem desenvolvida. Com exceção de Loki, a Marvel se mantém na sina de construir mal seus vilões. Uma pena.

Maduro, Capitão América - Guerra Civil empolga e impressiona pela sua coerência e profundidade. Ele simplesmente funciona como filme e se torna um dos melhores do gênero de super-heróis. Finalmente há a percepção de que não é necessário se apoiar na história em quadrinhos nem parecer raso para empolgar gregos e troianos. Se a Marvel tratar seus filmes exclusivamente como cinema e nada mais, acreditem, não há saturação que a faça perder seu público.


Vinicius Machado sexta-feira, 29 de abril de 2016
Ave, César!

A indústria do cinema sempre teve boas histórias para contar não só em seus filmes, como também nos próprios bastidores das produções, principalmente na era clássica. É só dar uma busca pela internet que várias histórias e boas curiosidades aparecem para o leitor. Sabendo disso, os irmãos Ethan e Joel Coen resolveram homenagear e satirizar o cinema cinquentista de acordo com suas pirações.

"Ave, César!" conta a história de Eddie Mannix (Josh Brolin), um daqueles carregadores de piano dos grandes estúdios de Hollywood que, à frente da fictícia Capitol Studios, precisa resolver e abafar diversos escândalos de seus atores. Em mais um dia de trabalho, ele recebe a notícia de que seu maior astro Baird Whitlock (George Clooney) foi sequestrador durante as filmagens do épico "Ave, César!". Enquanto resolve a questão do resgate, Mannix também tem que lidar com outros problemas de seus estúdios e tentar driblar a imprensa.

Os irmãos Coen são conhecidos por não seguirem nenhuma linha coerente de filmografia. Ao mesmo tempo em que há o genial e tenso "Onde os Fracos Não Tem Vez", também há o bizarro e cômico "Queime Depois de Ler" e outras grandes produções, como  "Bravura Indômita", "Fargo" e "O Grande Lebowsky". A questão é que eles não repetem fórmulas e sempre tentam trazer algo novo em seus longas mesmo que alguns não saiam tão bons quanto os outros, como é o caso do filme em questão.

O maior problema de "Ave, César!" está na sua construção como narrativa. Há uma certa desorganização na edição que, claro, tem como objetivo deixar claro que Hollywood é uma bagunça, mas isso não foi um acerto. Os diretores praticamente entregaram um filme para os cinéfilos, e não o público comum. Cheio de referências, quem assistir como puro entretenimento, pode sair do cinema achando o longa uma verdadeira comédia pastelão, com alguns momentos interessantes.

Por outro lado, quem gosta e acompanha o cinema, irá se deliciar com todas as situações em que os personagens são envolvidos e até mesmo com o cuidado feito pela produção. O figurino e os cenários construídos são incríveis e realmente levam o espectador de volta às produções dos anos 50. Pode se dizer que há, ao menos, mais três filmes diferentes rolando além do que leva o nome.  
Referências à Era de Ouro do cinema também não faltam. Enquanto os próprios diretores negam ser baseado em fatos reais, há certas histórias dentro do filme que lembram as reais, como é o caso da atriz interpretada por Scarlett Johansson, DeeAnna Moran, que está grávida de um homem casado e há a ideia dela adotar o próprio filho, situação semelhante a atriz Loretta Young, quando engravidou de Clark Gable.  Há também uma singela referência à Carmen Miranda.

Os diálogos também são grandes pilares do enredo. Destaque para dois deles: Uma enquanto Mannix, católico fervoroso, pede a opinião dos principais religiosos de Hollywood para aprovação da aparição de Jesus em "Ave, Cesar!", algo como aconteceu em "Ben-Hur". A conversa é ácida e engraçada. A outra cena, esta mais memorável, é a tentativa de um diretor, interpretado por Ralph Fiennes, de fazer um astro de western falar uma frase que seu sotaque caipira não deixa. Holie Doley, interpretado por Alden Ehrenreich, nunca precisou realmente atuar a não ser para falar "Iha" e girar pistolas em seus bang-bangs, foi escalado para fazer um papel importante num drama. É simplesmente hilário ver Ralph Fiennes, com toda sua classe, ensinando um caipira a falar de maneira garbosa.  

Alden Ehrenreich é o ator mais interessante do longa. Ele é o grande elo de toda a trama e cumpre seu papel muito bem. Quanto ao restante do elenco, é até uma certa decepção ver tantos nomes interpretando papéis e personagens sem empatia alguma, com exceção, claro a Ehrenreich e Brolin. Channing Tatum também se destaca em uma cena musical, claramente homenageando o ator Gene Kelly.

Passando por diversos gêneros, "Ave, César!" peca apenas pela desorganização e sua escolha de atender apenas um nicho, mas ainda assim é uma grande homenagem dos Irmãos Coen ao cinema. Enquanto alguns diretores buscam a metalinguagem de forma mais séria, Ethan e Joel mostram o cinema como eles mesmos veem e querem ver: mágico, ácido e completamente diferente.

Nota:

Vinicius Machado quarta-feira, 20 de abril de 2016
Rebolão, mas sua irmã gosta: O documentário da Carreta Furacão
 


"Siga em frente, olhe para o lado. Se liga no mestiço da batida do cavaco"


Capitão América, Fofão, Mickey, Popeye e um palhaço. Não, não é a nova formação dos Vingadores, estamos falando de um dos fenômenos atuais da internet: A Carreta Furacão, um daqueles trenzinhos de interior, mais precisamente de Ribeirão Preto que viralizou após um vídeo publicado em meados de 2010 e hoje conta com mais de 3 milhões de visualizações.

O sucesso é tanto que já existem até mesmo movimentos no país todo para que haja uma turnê de apresentação do grupo. Em Florianópolis, por exemplo, a presença já está confirmada (notícia aqui). Em São Paulo há mais de 30 mil pessoas presentes no evento que pede a vinda deles. Agora, há um documentário em desenvolvimento, o "Rebolão, mas sua Irmã Gosta".

Antes mesmo deste hype todo, o diretor Gabriel Dias viu o tal vídeo e passou a se interessar mais pelo assunto. "Eu percebi que além do 'Trenzinho Carreta Furacão', haviam outros vídeos, fotos e páginas no Facebook relacionados a trenzinhos - não mais infantis ou turísticos - e se tratava uma movimentação maior do que parecia inicialmente", diz. Foi aí que ele começou a elaborar melhor a ideia e, em 2014 resolveu desenterrar o projeto e tentar alavancar como um filme de TCC de seu curso, Bacharelado de Audiovisual. "Formei a equipe e aos poucos todo mundo se integrou bastante e começamos a trabalhar de verdade. Muita gente não entendia porque estávamos fazendo um filme especificamente sobre aquilo, mas os resultados provaram que não erramos."

Segundo o diretor, que também é roteirista e editor, a ideia do filme é tirar esse estigma de  "meme" dos trenzinhos e mostrar que há muito mais coisas envolvidas nesse universo do que as pessoas imaginam.

Confira a entrevista que fizemos com o Gabriel e a produtora do documentário, Gabriela Dias na íntegra:

Sala Sete: Porque fazer sobre as carretas? Qual o objetivo, o conceito?  
Gabriel: Eu gosto muito de misturas de culturas mais tradicionais com cultura popular. Eu vi que as carretas das cidades do interior de Minas Gerais misturavam os elementos dos trenzinhos tradicionais infantis e de turismo, mas que já tinham um outro apelo com a música, na maneira de sair na rua e principalmente em como os meninos se identificavam com aquilo. Os trenzinhos deixaram de ser um passeio para crianças pequenas e se tornaram parte de uma subcultura muito única que podemos relacionar com tantas outras que acontecem nas ruas, é importante pra mim.

Foto: Divulgação
Como foi o processo de criação? (Desde o conceito inicial, pesquisas, contatos, etc..)
Inicialmente eu e o Miguel (Direção de Som, Roteiro e Edição) procuramos muitas referências textuais sobre festas, cultura popular, tribos urbanas com ajuda do nosso orientador e outros professores. Continuamos acessando diversos vídeos, fotos e páginas de trenzinhos, mas percebemos que para o trabalho continuar fluindo em um ritmo legal, precisaríamos fazer uma pesquisa de campo ou não teríamos resultados. Fomos para Ribeirão Preto sem muitas informações, pois apesar de ser uma cidade grande, eles não usam tanto para comunicação a nível global, estão acostumados a usar para contato entre pessoas que já se conhecem pessoalmente.  

Conforme fomos encontrando trenzinhos, ou entrando em contato por telefone, a maioria das pessoas ficaram assustadas, não entendiam porque queríamos gravá-los e qual o objetivo em fazer um filme sobre eles. Quando voltamos das outras vezes com a Mayra (Assistente de Direção e Produção Executiva), a Gabriela (Direção de Produção e Direção de Arte) e o Arthuro (Direção de Fotografia e Correção de Cor), os meninos foram se soltando mais e confiando na gente, houve um trabalho muito bacana de articulação com a produção, até hoje alguns falam conosco.

Depois dessa etapa começamos a pensar muito nas gravações e em que estrutura queríamos para o filme, o que era realmente importante e forte de retratar, é um universo muito rico.

Vocês estão focando mais em Ribeirão Preto, mas chegaram a entrar em contato com outras carretas em outras cidade para filmar?
Acabamos ficando em Ribeirão Preto mesmo. Como a movimentação de trenzinhos lá é grande, achamos que ela representaria bem as cidades em volta.

Vocês já colheram todo o material? Como foi o processo de filmagem?
Gabriela: Gravamos entre julho e outubro de 2015. Todos do grupo são de São Paulo e trabalham, o que dificultava a programação das viagens e, principalmente, uma viagem longa, o que seria o ideal. A faculdade ajudou com os equipamentos mas as viagens e alimentação saíram do nosso bolso. Fizemos três viagens de 4 dias cada aproximadamente. O ideal seria se conseguíssemos ficar mais tempo lá, mas tudo tem seus problemas, né? O processo foi bem desafiador, era um universo muito rico e novo, em alguns dias conseguíamos captar muita coisa legal, em outros acontecia bem menos do que prevíamos, sorte é um elemento bem presente no documentário.

Qual foi a maior dificuldade?
Acho que uma das maiores dificuldade foi encaixar tudo o que queríamos gravar no pouco tempo que tivemos lá dentro, e a agenda da produção tinha que estar sempre aberta para mudanças repentinas. Estruturar o filme e editar tudo também não foi nada fácil. Por isso apesar de já termos apresentado o TCC, estamos retrabalhando a montagem, pra ficar mais bacana!

No seu processo de pesquisa, há alguma análise de qual o cenário atual destas carretas no interior?
É difícil traçar um panorama geral sem generalizar. Algumas cidades parece que já tem legislações voltadas aos trenzinhos, em outras a maioria ainda é mal visto por muita gente, ou simplesmente ignorado. Qual o melhor dos cenários? Não sei dizer.

Foto: Divulgação
Você chegou a falar com os integrantes, claro. Como eles veem esse buzz da internet?
Olha, muitos dos que aparecem no vídeo do Trenzinho Carreta Furacão nem dançam mais. Eles usam um pouco de forma propagandística até porque o trenzinho apareceu no Programa da Eliana e no Pânico na TV, mas pro pessoal da cidade tanto faz. Um trenzinho não é mais prestigiado que o outro por isso.

Como vivem os integrantes, as pessoas por trás das carretas? Elas levam a sério como profissão? (é uma profissão?)
Gabriela: Os meninos dançam porque realmente gostam daquilo, é a paixão deles. Lá eles ficam famosinhos, atraem mulher e, claro, se divertem com os amigos.

Eles entenderam a proposta do documentário?
Inicialmente não. Com o tempo acho que eles foram se reconhecendo como algo único e diferente e sacaram o que estávamos fazendo.

Como foi a repercussão do projeto na cidade, ou bairro?
Gabriela: Depois das primeiras viagens já éramos conhecidos por lá! Os meninos vinham falar com a gente "Por que não gravaram com tal trenzinho?", "Eu vi que tiraram foto com aquele trenzinho e o nosso não".

Gabriel: Alguns trenzinhos e meninos gostaram bastante de gravar com a gente. Estamos começando a ver a repercussão agora que saiu o trailer, parece que estão comentando bastante até, mas é muito cedo pra dizer algo concreto.

Há patrocínio?
Gabriela: Não. Os equipamentos que utilizamos eram quase todos da faculdade, o resto foi pago do nosso bolso. Gostaríamos de patrocínio pra poder faze uma exibição legal.


Foto: Divulgação
Há interesse em projetar o filme para qual público?
Temos interesse em projetar o filme para todos os públicos interessados! Sei que é um comentário aparentemente genérico, porém, acho que o "Rebolão!" é um filme que pode se estender a todos, qualquer pessoa pode se interessar pelo filme, uma vez que nosso objeto de estudo é muito rico e novo para quem não vive em cidades com esses tipos de trenzinho e ao mesmo tempo é bom para jovens que se veem representado nisso.

Você acredita que pelo buzz gerado na internet o público possa se interessar a ponto de ir ao cinema?
Não sei se esse filme vai passar em algum cinema. Não temos interesse por circuitos comerciais, não é a ideia do filme lucrar com tudo isso. Faremos eventuais exibições em lugares interessados em exibir e descobriremos. Espero que as pessoas saiam de casa sim.

Há uma data de estreia?
Ainda não. Estamos finalizando o processo de edição e finalização de pós-produção. Pretendemos levar o filme para Ribeirão Preto e fazer uma exibição aberta para que todos os que participaram e interessados possam assistir, uma espécie de 'première' mesmo, e depois exibir em qualquer lugar que esteja aberto para nos receber, dentro ou fora de São Paulo. Não podemos colocar no Youtube assim que ficar pronto porque senão o filme não pode entrar em festivais, mas assim que esse período passar disponibilizaremos para que todos possam assistir.

Para conferir mais sobre o "Rebolão, mas sua irmã gosta", basta entrar na página do Facebook do documentário

Vinicius Machado sexta-feira, 15 de abril de 2016
Rua Cloverfield, 10

No início de janeiro, a Paramount Pictures soltou um trailer de um filme que havia sido filmado em segredo pela Bad Robot, produtora de J.J. Abrams. Três pessoas parecem conviver bem até a metade do trailer, quando a situação muda e a tensão toma conta do lugar com a impressão de que eles estão numa espécie de bunker, e que não há condições de sair de lá. No fim, o título "10 Cloverfield Lane".  

O buzz foi total e muitos se perguntaram se aquela seria a continuação de "Cloverfield - Monstro", filme de 2008 também produzido por J.J Abrams, que contava a história de um ataque de monstro todo filmado em found-footage. O próprio, inclusive, disse que era um parente de sangue.  

A verdade é que J.J. Abrams, ao ver o roteiro intitulado de "The Cellar", acreditou que o filme obteria mais sucesso se levasse uma marca. E como o nome de "Cloverfield" nunca deixou de estar nos planos da Bad Robot, ele decidiu que este seria o nome do filme. Afinal, se fosse apenas mais um independente, ele poderia encontrar dificuldades de entrar em circuito. Já com um título de peso, a situação muda. Por isso, o filme estreou no Brasil na última quinta-feira (07) e a primeira coisa que o público deve saber é uma coisa: Não tem nada a ver, mas é tão bom quanto.

"Rua Cloverfield, 10" se passa praticamente dentro do tal bunker. Michelle (Michelle Elizabeth Winstead), após um acidente de carro, acorda num porão de um desconhecido. O tal homem (John Goodman) diz ter salvo sua vida de um ataque químico que deixou o mundo inabitável, motivo pelo qual eles devem permanecer protegidos no local junto. Sem saber bem se deve acreditar, ela busca um modo de escapar, mesmo sem saber o que lhe espera lá fora.

Esqueça a tensão de haver um monstro à solta e dê lugar ao terror psicológico, claustrofóbico, onde o próprio medo é uma ameaça. Assim como também esqueça o found footage e uma cidade com milhares de pessoas em perigo. Neste, há quatro elementos: Três pessoas e um ambiente apenas.

O diretor estreante, Dan Trachtenberg é o grande responsável por fazer tudo isso acontecer. Isso porque ele entendeu o conceito do filme e tentou tirar o máximo do roteiro escrito por Josh Campbell e Damien Chazelle. O bunker, por exemplo, é uma mistura de mistério e aconchego. Lembrando que o ponto de vista é sempre o de Michelle, conforme as informações vão chegando, ela se vê cada vez mais parte daquilo. Por pior que seja, ali acaba se tornado um lar a até mesmo o espectador se vê ali dentro. Por um bom tempo, a mesma dúvida da protagonista é a mesma do espectador. Será que é isso mesmo? Será que tão sacaneando ela? Há uma certa semelhança desse ponto em relação ao "O Quarto de Jack", onde todo o ambiente vira uma espécie de coadjuvante.

Além disso, o filme se mantém com um mistério até o fim do segundo ato. Tudo nele é tensão e suspense, principalmente entre os três personagens centrais. A câmera estática quando eles estão juntos em cena funciona muito bem e a relação entre eles é o grande trunfo. Há uma certa hierarquia a ser respeitada, mas existe a ideia de que ainda parece ser um sequestro.  

Claro, as atuações são fantásticas, principalmente de John Goodman e Mary Elizabeth Winstead. Enquanto um usa toda a sua força e tamanho para se impor perante às câmeras (e o personagem exige isso), a outra é sutil mas ao mesmo tempo forte o suficiente para tomar suas próprias decisões. O trabalho de Goodman é profundo, daqueles que possuem diversas camadas e um ar misterioso. Se analisar friamente, há um certo desconcerto psicológico por conta de todas as suas ideias de conspiração.

Winstead  por sua vez é quem complementa a narrativa com uma Michelle inteligente e decidida. Não há espaço para clichês femininos e tanto a atriz, quanto a personagem se mostram fortes. A atuação é tão boa que só com seus olhares dá pra mergulhar em sua mente para entender o incômodo e o questionamento dela em estar ali. A direção de atores de Trachtenberg impressiona.
O terceiro personagem, Emmett, interpretado por Joh Gallagher Jr. é o menos interessante de toda a trama, mas isso não significa que ele não é importante. Emmett é o grande equilíbrio dos dois personagens principais, é nele que está toda a intermediação de diálogo e acontecimentos.  

No entanto, nem tudo são flores. O longa conta demais com as trilhas de tensão e isso as vezes acaba se tornando repetitivo e desnecessário. Ela já existe, com ou sem música, em alguns momentos pode funcionar (e como funcionam), mas outros não é necessário até mesmo por conta das ótimas atuações.

Outro ponto que poderia prejudicar o filme é seu desfecho. Um pouco surreal, que destoa um pouco da proposta e do que foi toda sua narrativa. Não é o pior final do mundo, mas há uma certa preguiça em terminar de maneira inteligente.  Ainda assim, lembra um pouco o conceito de “O Nevoeiro”, de Stephen King.

No fim, um último ponto positivo é que Trachtenberg deixa diversas pontas soltas, o que faz aumentar ainda mais a imaginação do público. Em tempos aos quais as séries de TV prevalecem, ousar em não explicar tudo é mais um grande ponto para o filme. O choro é livre.

Com um terror psicológico sufocante e atuações fantásticas provenientes de uma boa direção, "Rua Cloverfield, 10" é, sem dúvidas, o filme mais tenso e ousado do ano até o momento e será difícil ultrapassá-lo. O espectador sai do cinema sem ar e extasiado. Na geração das franquias, J.J. Abrams prova, com "Cloverfield", que nem todas elas são enlatadas e robotizadas. Ainda que esteja prestando serviços às grandes empresas de Hollywood, é fato que ele está no caminho certo de ser um dos melhores e mais versáteis cineastas da atualidade. Nos próximos anos, o que ele tocar será ouro.

Nota:


Vinicius Machado terça-feira, 12 de abril de 2016
Batman vs Superman: A Origem da Justiça


Seria muito injusto e desigual fazer comparações entre o mundo cinematográfico da DC e o da Marvel se não fosse por um detalhe: A DC comprou a briga. Enquanto a Marvel está consolidada no mercado, com o universo expandido e com mais da metade da saga central produzida, a editora concorrente ainda está tentando se encontrar nas telonas para chegar em seu pote de ouro: A Liga da Justiça. E vai chegar, inclusive, fechando a segunda e ultima parte da saga em 2019, propositalmente no mesmo ano da segunda parte e do desfecho de Os Vingadores – Guerra Infinita. Pois é, tem alguém com pressa.


Sendo assim, para que não tenha enrolações, eles decidiram iniciar a expansão do universo com toda sua munição possível, o tão esperado Batman vs Superman.
Batman vs Superman começa praticamente de onde terminou "Homem de Aço". Depois de ter derrotado o General Zod e causado a destruição em Metrópoles, o Superman divide a opinião da população. Enquanto muitos o consideram um herói e semi-deus, outros o veem como ameaça. Bruce Wayne é um deles e decide ser o grande algoz do Kryptoniano.
Para começar, é bom destacar o primeiro ponto positivo. Apesar da divulgação dos trailer ter sido abusiva, eles não entregam absolutamente nada sobre a essência da trama. Mulher-Maravilha, Lex Luthor, etc...Nada prejudica. Talvez o único erro deste fato foi ter colocado o Apocalipse logo de cara, poderiam ter deixado a surpresa, mas o efeito contrário de "A Era de Ultron" deu bem certo. (Aprende Marvel)
Desde o "Homem de Aço" há um elemento que me preocupa muito no projeto: Zack Snyder. O diretor vive de altos e baixos, como o excelente "Watchmen", o bom "300" e o fraco "Sucker Punch". Suas manias são perceptíveis e irritantes, como o abuso de câmeras lentas e excesso de CGI. Sim, elas se repetem em BvS, mas esses não são os maiores defeitos da trama.
O primeiro quarto do filme é uma verdadeira bagunça e peca demais na edição. São diversos núcleos praticamente jogados na tela com cortes médios que cansam e confundem o espectador. Não há uma certa coerência, as (muitas) informações são simplesmente jogadas em qualquer ordem e isso acaba o tornando um pouco sonolento. Ainda há algumas cenas desnecessárias e que pouco acrescentam na trama.
Outro ponto que pode prejudicar é o excesso de referências aos quadrinhos. Quem pouco conhece, talvez saia do cinema com mais dúvidas do que conclusões. Até porque, o filme tem duas horas e meia e é repleto de personagens e pequenas participações. O fanservice está lá, mas é arriscado demais confiar no conhecimento do público em geral, que está lá simplesmente para assistir ao filme.
Ainda assim, um bom acerto do roteiro é não se render à pancadaria desenfreada, pelo menos não até seus desfechos. O público não deve ir ao cinema esperando que Batman e Superman saiam na mão desde o primeiro encontro. Mais interessante do que o confronto em si, está a motivação e o porquê do combate, e isso é uma das grandes qualidades da trama.
Outro grande ponto do filme é seu tom sério, algo que a produtora insiste em manter ao contrário de sua concorrente, que gosta de cores, piadas e referências pop. O mundo da DC é diferente, é sombrio, pesado, e até mesmo mais realista. Em questão de profundidade dos personagens, não há dúvidas de que a editora se destaca sobre a Marvel.  
Existe bondade nos indivíduos? Qualquer um pode se corromper? Esses são alguns dos conflitos que os dois personagens vivem. De um lado um Batman mais experiente, mas que ainda sofre com os fantasmas do passado. Do outro, um Superman que convive com o peso de estar acima de deuses e demônios, sempre com a dúvida de o que faz é certo ou não.  Basicamente aprendendo com o tempo a lidar com suas complexidades.
Obviamente, seria impossível destacar os heróis se não fossem as boas atuações dos seus respectivos atores. Henry Cavill parece estar mais à vontade na pele do homem de aço e interpreta o herói com um pouco mais de carisma do que faz no anterior. Seus trejeitos de Clark Kent são bem desenvolvidos e neste filme é possível ver claramente a profundidade do personagem. Além disso, é importante ressaltar a mudança temporal do personagem. Um herói clássico, que foi preciso fazer uma readaptação para os dias atuais, onde tudo é mais crítico. Será que um Superman seria aceito em nossa sociedade?
Ben Affleck é o grande pilar do longa no papel do homem-morcego. Sim, é totalmente possível dizer que até o momento esta é a versão definitiva do Batman nas telonas, superando até mesmo Christian Bale. O playboy de crises existenciais e morais dá lugar a um homem amadurecido, um anti-herói assumido, que reconhece sua escuridão e por isso age de maneira inescrupulosa e violenta. As características do herói são completamente fiéis aos quadrinhos do "Cavaleiro das Trevas" de Frank Miller.  Isso sem contar na roupa acinzentada e um design mais clássico. (Eu disse, eu disse!)
Jesse Einsenberg é outro destaque. Sua atuação como Lex Luthor, apesar de ótima, se torna inevitável a comparação à sua intepretação de Mark Zuckemberg em "A Rede Social". Um jovem brilhante e de humor ácido, com roupas alternativas e dono de uma das maiores empresas do mundo. Ainda assim, seu Lex peca um pouco pela sua excentricidade. Parece que tentaram deixá-lo parecido com o Coringa, mas se esqueceram de que o sadismo de Lex é mais sereno, e isso o torna um dos vilões mais interessantes do Universo DC.
Gal Gadot, por sua vez, é a grande surpresa do filme. A Mulher-Maravilha foi de longe um dos maiores acertos do longa. O timing de sua aparição é perfeito e apesar de pouco tempo em ação, já dá pra ver que seu filme solo tem tudo para ser um dos melhores da saga.
Um pouco desorganizado, mas bem desenvolvido e com boas atuações, Batman vs Superman: A Origem da Justiça cumpre sua principal função, a de expandir de vez o Universo DC nos cinemas. O filme executa a missão com dignidade, mas peca pelo excesso de informações e paga pela pressa da DC em querer alcançar logo a Marvel. Ainda estão atrás, mas pelo andar da carruagem e se conseguirem fechar as pontas soltas, é bem provável que até 2019 as brigas pelas bilheterias sejam tão parelhas quanto qualquer confronto entre heróis. Quem ganha é o público.

Nota:

Vinicius Machado sexta-feira, 25 de março de 2016
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