A Culpa é das Estrelas


Adaptações de best-sellers para o cinema é a fórmula do sucesso, adaptações de best-sellers adolescentes de amor improvável então, nem se fala. Crepúsculo e as inúmeras obras de Nicholas Sparks estão aí para provar isso. Mas a nova sensação do momento possui um quê a mais para atrair seu público: A realidade e medos contemporâneos 

Não é pra menos. A Culpa das Estrelas, escrito por John Green possui números e mais números para comprovar seu sucesso, entre eles o recorde de vendas de exemplares no Brasil (mais de um milhão), além de ser um dos trailers mais compartilhados nas redes sociais (mais de 20 milhões de visualizações). 

Porém, é bom deixar claro que a avaliação feita aqui é completamente baseada no filme, ou seja, não houve a leitura da obra de Green antes ou depois de assistí-lo. 

A história gira em torno do casal Hazel (Shailene Woodleye Gus (Ansel Elgort), dois adolescentes que se conhecem em um grupo de apoio a pacientes com câncer e se apaixonam.  

Simples assim, como deve ser quando se trata de uma história que pretende conquistar pelos detalhes. Josh Boone, diretor do filme, entendeu bem a premissa e não procura inventar muito na narrativa. 

No entanto, talvez o grande acerto desse projeto seja a escolha dos dois roteiristas Scott Neustadter e Michael H. Weber. Afinal, tanto em (500) Dias com Ela, quanto em The Spetacular Now, os dois desenvolveram uma trama com a linguagem leve e precisa aos olhos do público jovem. Não poderia ser diferente com esse. 

O assunto é um tanto quanto mais complicado quanto os dois filmes citados, já que é de uma doença terminal que estamos falando. Mas os dois sabem bem como conduzir o tom, com mesclas de drama e comédia e em nenhum momento o câncer é introduzido como uma tragédia, mas como um detalhe, ainda que de maior proporção, que cerca os dois protagonistas. 

E se os dois atores que os interpreta são dados como promessas, os mesmos fazem ótimo trabalho e contribuem muito para a carga emocional do longa. A química e a sintonia entre os dois é o que mais chama atenção. Percebemos que a relação entre os dois se fortalece a cada momento e são nas trocas de olhares que vemos a naturalidade do acontecimento dos fatos.  

Laura Dern e Willem Defoe são outros dois bons atores que fazem ótimo trabalho, ainda que em papéis menores. Destaque para o segundo, que dá um tom pesado em suas duas participações, certamente são os dois pontos em que o público percebe uma virada de jogo na percepção dos fatos ao ponto de vista do casal, de Hazel principalmente. 

Infinitos diferentes 

Em uma das cenas, Gus pega um cigarro e coloca na boca, mas não o acende. Ou seja, ele coloca algo que pode matá-lo na boca, porém não dá o poder para que o mate. E é nessa condução em que a trama segue.  

Mesmo que utilizem a doença como pano de fundo, é impossível que ela não seja o fator determinante para cada decisão tomada pelo casal, ainda mais quando eles são adolescentes e estão descobrindo os prazeres da vida nessa fase. 

Enquanto Gus procura ser lembrado por todos com um sobrevivente (se curou do câncer), Hazel se vê como uma verdadeira bomba-relógio, que ao explodir, causará danos em todos à sua volta, sendo assim, prefere atingir o menor número de pessoas. Ao invés de ser amada amplamente, prefere ser profundamente, como o próprio filme diz. 

Obviamente, mesmo tendo essas qualidades, não podemos nos esquecer que se trata de um filme teen. Portanto, vá ao cinema já sabendo que você encontrará inúmeros aspectos e técnicas para conquistar o público alvo. 

Clichês como aplausos do ambiente enquanto o casal se beija, closes e mais closes em momentos dramáticos e trilha sonora, que apesar de boa, é mais uma engrenagem na fábrica de lágrimas. Em outras palavras, é o típico longa para o espectador sair aos prantos achando que não viu história mais triste em sua vida. 

Com bons conflitos e metáforas, A Culpa é das Estrelas é um filme agradável de assistir, que acerta na construção do roteiro e na linguagem para tingir em cheio seu alvo. Porém, peca ao cair no jeito Nicholas Sparks de ser, com um melodrama feito especialmente para arrancar lágrimas. Josh Boone poderia ter adotado técnicas mais criativas, mas como dizem os produtores, não se mexe em estilo de filme que está lucrando, ou coisa assim.


Nota:

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