Homem-Formiga



O ano era de 2008, o filme do Homem de Ferro trouxe de volta a popularidade do herói, fez crescer o gênero, eternizou Robert Downey Jr., até então um ator completamente esquecido, no papel de Tony Stark, foi um sucesso exorbitante e deu início ao Universo Marvel. 

PÁ! Corta para 2014. Vingadores, Marvel e super-heróis já consolidados no mercado cinematográfico. Guardiões da Galáxia estreia sem tanta popularidade e como uma aposta arriscada da Marvel Studios. Sucesso de crítica, bilheteria e considerado um dos melhores filmes da Casa das Ideias. 

Corta mais uma vez. Eis que chega 2015 e, após  Os Vingadores 2: A Era de Ultron deixar uma pulga atrás da orelha dos críticos por ser aquém do esperado, o Homem-Formiga chega às telonas. Mais um com rótulo de aposta arriscada, tanto pela sua falta de popularidade, quanto pelo peso de ter a missão de fechar a Fase 2 da Marvel nos cinemas.  

Scott Lang é um ladrão habilidoso que procura se aposentar e fazer algo decente na sua vida para voltar a ter contato com sua filha. Ele passa a ser observado pelo Dr. Hank Pym para ajudá-lo numa missão. Então, tendo Pym como seu mentor, Lang recebe o traje que pode diminuí-lo de tamanho, se tornando assim, o Homem-Formiga. 

Não, o herói não é tão secundário assim quanto os integrantes dos Guardiões da Galáxia. Afinal, na história original, ele é um dos fundadores dos Vingadores. Porém, nunca conseguiu sustentar uma história solo, nem nunca fez parte do primeiro escalão da editora. Por que, então, não só introduzi-lo como nos cinemas como um coadjuvante ao invés de fazer um solo? Simples. 

A ideia de se fazer um solo do Homem-Formiga é porque, além de gostar de desafios, a Marvel pensa no futuro de seu universo. Mas calma, vamos falar do primeiro quesito. 

Como eu disse anteriormente, todos os filmes desacreditados da empresa surpreendem e são responsáveis pelos picos de sucesso. Quando uns e outros oscilam em qualidade, surge uma aposta que traz de volta aquela vontade de ver cada vez mais heróis nos filmes. E este é um exemplo claro. 

O filme é completamente despretensioso e leve, sem aquela tensão toda das continuações solos de Homem de Ferro, Thor, Capitão América e Vingadores 2. Sim, o clima é de comédia, graças ao diretor Peyton Reed, que substituiu Edgar Wright após conflitos criativos com os produtores. Wright não queria fazer tantas ligações com o Universo Marvel, nem inserir muitos dramas familiares.  

O resultado desta troca foi a junção de dois elementos: As ideias no roteiro de Wright, muitas delas mantidas e a adição de alguns elementos de Reed. Inclusive, estas imposições da Marvel foram corretíssimas. Os laços familiares, tanto de Lang e sua filha Cassie, quanto a de Pym com sua filha Hope são grandes pilares da trama. Sem contar que as imersões no Universo são assertivas e resultam em cenas bem elaboradas, sejam em ação ou até mesmo nos diálogos. 

Reed possui uma mão boa para diálogos e situações engraçadas, um ponto forte dentro do longa. Algumas piadas soam infantis demais, mas outras são muito bem colocadas e ajudam muito a dar a leveza que o filme precisa. Destaque para Michael Peña no papel de Luis. O personagem é um dos mais hilários de toda a franquia Marvel e merece continuar nas sequências. 

Outro bom destaque é a forma com que os poderes do herói são colocados. À primeira vista, Homem-Formiga não é lá um herói a ser respeitado, e o próprio longa tira sarro disso, com boas sequências que mesclam ação e comédia. Assim como as ideias de proporção também são bem desenvolvidas quanto imagem. São cenas criativas. Basicamente um Querida, Encolhi o Super Herói. O 3D finalmente serve para alguma coisa, pouca, claro, não se iludam. 

Pensando no futuro 

Como foi dito lá em cima, o motivo de se fazer um filme solo de um herói desconhecido pela grande maioria do público é por pensar no futuro. Não daqui um ou dois anos, mas quando chegar a hora de nos despedirmos dos personagens mais convencionais como Stark, Rogers, Thor e Banner (Não, não tem spoilers, mas seus contratos estão acabando). E é por isso, que quanto antes introduzir novos heróis, melhor, assim o público se familiariza com os que estão por vir rapidamente. 

A começar pela escolha de colocar Dr. Pym como apenas um mentor para Lang. Pym é o primeiro Homem-Formiga, e para ser fiel, deveria ser assim no filme. Mas talvez pensaram num pequeno acontecimento nas HQ's que poderia colocar tudo a perder: Pym agrediu sua mulher, o que resultou na separação dos dois. Em tempos em que tudo é passível de reclamação, esse fato poderia gerar um boicote por parte do público. 

No entanto, a escolha de Scott Lang é perfeita. E é Paul Rudd que torna isso possível. O cara tem todo o carisma necessário para se tornar o novo ícone-showman-falastrão da Marvel. Arrisco dizer que este será o novo Tony Stark da segunda era da Casa das Ideias. 

Michael DouglasEvangeline Lilly fazem ótimo trabalho no papel de Dr. Pym e sua filha Hope, assim como Corey Stoll faz bem o papel de Darren Cross, ou o Jaqueta Amarela. 

Mais uma vez, a Marvel mirou e deu um tiro certeiro. Homem-Formiga é mais uma aposta que deu certo. É despretensioso, é divertido, é engraçado, é leve e...É Marvel, desta vez, visando seu futuro e tentando nos convencer de que ela não se resume apenas em Homem de Ferro, Capitão América, Thor e Hulk. Por enquanto, tem conseguido provar que estes quatro podem ser meras formigas dentro de um universo tão grande. 


Nota:
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