Velozes e Furiosos, lançado em 2001, foi inspirado num artigo de revista sobre corridas clandestinas em Nova Iorque. O sucesso resultou num segundo filme, fraco e mais focado em mostrar os carrões e mulheres. Já o terceiro, apesar de também ser mediano e manter a mesma pegada de seu anterior, foi o principal divisor de águas no enredo, que passou a ser mais ação do que propriamente dito de corridas. Além disso, fez com que a franquia chegasse a esse sucesso estrondoso que é hoje.
Só para ter uma ideia dessa evolução, o primeiro gerou cerca de $207 milhões de bilheteria no mundo, e o sexto (último lançado no cinema), mais de $600 milhões.
Dois anos depois, eis que a continuação chega aos cinemas. Desta vez, com potencial de ser o melhor dentre todos os filmes e o que mais vai gerar bilheteria. Não só pelo fato da história continuar, mas também pela morte do ator Paul Walker, um dos protagonistas.
Velozes e Furiosos 7 parte depois dos acontecimentos em Londres, Dom (Vin Diesel), Brian (Paul Walker) e Letty (Michelle Rodriguez) retornam aos EUA e tentam recomeçar suas vidas. Porém, Deckard Shaw (Jason Statham), um assassino profissional, quer vingança pela morte de seu irmão. O que faz com que a equipe liderada por Dom se reúna novamente para sobreviver.
Justin Lin deixou a direção para James Wan, que apresenta um produto final ainda mais maduro que seus antecessores. Isso sem contar a competência de Chris Morgan na roteirização e no encaixe do enredo, que insere Desafio em Tóquio na ordem cronológica entre o seis e o sete. É de se admirar como uma franquia com tantos furos conseguiu se ajeitar de uma forma bem concisa.
Ainda assim, o roteiro do próprio filme contém certos problemas e com diálogos bem exagerados. Aliás, muitos aspectos no longa são feitos no absurdo, a começar pelas cenas de ação. Tudo bem que todos os filmes são assim, feitos com ação mirabolante, mas a coisa é tão intensa, que chega a arrancar risadas da plateia. Lembra um pouco filmes dos anos oitenta, em que tudo era feito na base do "desafio às leis da física".
Apesar de pecar pelo excesso de personagens, é no elenco que está todo o grande trunfo da trama. Não, nenhum deles faz um trabalho memorável e todos fazem seus papéis de mediano para bom. Mas uma coisa que não se pode negar é o entrosamento dos protagonistas quando contracenam. Todos parecem estar a vontade e isso faz com que o filme tenha uma leveza maior. Destaque para mais uma vez Ludacris e Tyrese Gibson, que se encarregam do alívio cômico, bem inserido nos diálogos.
Kurt Russell (Sim! Ele ainda existe), desempenha um papel interessante, que sem dúvidas vai crescer nas próximas sequências. Jason Statham, por sua vez, desempenha um papel idêntico a todos seus filmes de ação, com a diferença de que agora ele é o vilão. Mas não pense que isso é ruim, pois quem gostou de Carga Explosiva e Adrenalina vai achar o máximo ver o ator britânico em ação.
Vin Diesel e Paul Walker mais uma vez fazem mais do mesmo. Diesel com sua canastrice de sempre e Paul Walker, em seu último filme da carreira, tendo sempre a mesma expressão durante todo o longa. Mas é necessário destacar a importância dos dois para que a franquia obtivesse o sucesso. Da pra ver que os dois eram amigos fora das câmeras e que isso influenciava muito na hora do entrosamento na frente delas.
A forma com que os produtores agiram para se adaptar à triste ausência de Walker é fantástica. O ator faleceu quando já havia feita boa parte de suas cenas, mas ainda assim foi preciso recriar o roteiro e ter o auxílio de seus dois irmãos Cody e Caleb para interpretá-lo como dublês, além do CGI na hora de compor alguma cena em que seu rosto precisasse aparecer.
Ao final do filme, uma homenagem é feita de forma metalinguística, que usa o próprio personagem na trama para lembrar o ator e emocionar a todos. Sem dúvidas, esta foi uma das lembranças póstumas mais intensas e bonitas do cinema, que presenteia o fã com memórias do ator.
Ao maior estilo de ação oitentista, Velozes 7 cumpre bem o papel do cinema entretenimento. É empolgante e contém ótimas sequências, além de uma ótima mescla de humor, drama e ação.
Já o fã de Velozes e Furiosos vai se deleitar. Com exceção ao primeiro, este é o melhor dentre os últimos lançamentos. Tudo o que se espera está ali: Carrões (destaque para o Lykan HyperSport), exagero, Dom falando sobre a importância da família e, claro, como não pode faltar, cenas de mulheres seminuas que, pela trilha, mais parecem um videoclipe dentro do filme.
Nota:
