50 Tons de Cinza


Uma jovem estudante de literatura desajeitada e ingênua conhece, por obra do destino, um jovem empresário bonito, rico, desejado por inúmeras mulheres, mas que possui um misterioso segredo sobre si. 

Sim, em algum momento da sua vida você já se deparou com algum filme que possui um plot no mínimo parecido. Mas acredite, essa história rendeu uma trilogia literária e vendeu cerca de 100 milhões de cópias. Se chama 50 Tons de Cinza (ah, vá). E como tudo que faz sucesso nos livros, vira filme, esse não foi diferente. 

50 Tons de Cinza conta exatamente a história acima. Ela, Anastasia Steele. Ele, Christian Grey. No entanto, o maior diferencial da história está no tal segredo guardado por ele: Sua obsessão pelo controle e seu gosto pelo BDSM (Bondage, disciplina, dominação, sadismo, submissão e masoquismo). O livro possui diversos trechos detalhados sobre os atos sexuais do casal e não demorou para ser considerado uma espécie de pornô-soft-literário para mulheres. De fato, é um verdadeiro marco.  

O fenômeno não parou por aí. Em 2014, o trailer chegou próximo à marca de 100 milhões de visualizações no Youtube em poucos meses. Pois, é. A expectativa era grande por parte dos fãs. Já pra quem não leu o livro, bem... 

Ok. Todos sabem que o grau de exposição sexual do livro é grande, e que para o filme conseguir entrar num circuito comercial era preciso fazer uma versão mais leve. Ou seja, para os marmanjos que vão esperando pra ver algo bem explícito, esqueça, o filme faz tantas cócegas quanto os clássicos de Emanuelle. 

Mas é exatamente aí que mora o problema. Não fosse o fator sexual, o longa seria um romance de quinta sem alarde. Eu não li o livro, mas ao meu entender, a intensidade com que as coisas acontecem é o grande ponto da trama. Tudo é intenso, forte, profundo. Mas não é isso que o longa deixa transparecer. Pelo contrário, tudo é raso, superficial, descartável e previsível. A começar pelos diálogos e atuações. 

Jamie Dornan interpreta um Christian Grey bem aquém do esperado. Ele pode ser o homem que toda mulher pediu a Deus, mas com certeza, está longe de ser o ator que todo diretor pediu. Tudo bem que o ator foi meio que escolhido às pressas (Charles Hunnan desistiu do papel por conflitos de agenda), mas ainda assim, ao melhor estilo Edward CullenDornan é inexpressivo e parece estar no piloto automático com frases de efeito cafonas (que devem arrancar algumas risadas nas versões dubladas).  

Dakota Johnson ainda se esforça mais para seu papel de Anastasia. Muitos dirão que a garota é bem fraca e sem sal para a personagem. Mas a intenção é essa desde o começo. Faz um bom trabalho, mas ainda assim tropeça em diversos momentos.  

Porém, há alguns elementos que conseguem salvar alguma coisa. Sam Taylor Johnson assina a direção em um grande esforço para torná-lo bom. Percebe-se a qualidade da diretora em uma das cenas já dentro da tal "Sala de Jogos" de Grey. Ainda que bem careta, a cena transmite a sensualidade que se espera, atrelada ao melhor fator dentro do longa: A trilha sonora. 

Com ótimas versões de músicas conhecidas, a trilha consegue se destacar em meio às cenas, ora sensuais, ora comportadas. Infelizmente, não é isso que consegue segurar um longa inteiro de duas intermináveis horas.  

Bem dirigido, porém longo, cheio de clichês e absurdamente morno, 50 Tons de Cinza nitidamente foi feito apenas para apreciação de seus fãs, que vão lotar as salas de cinema e quebrar recordes de bilheteria. No entanto, é necessário que uma adaptação se sustente como um filme independente de sua fonte primária. Johnson tenta, tenta, e tenta mais uma vez excitar o público com algumas sequências interessantes. Mas ao final do filme, a sensação que fica é de um coito interrompido.

                                   Nota:

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