Lucy




Há muitos e muitos anos existe a teoria de que o ser humano utiliza apenas 10% do cérebro. Inclusive, muitos ainda dizem que os outros 90% estão ligados às nossas capacidades psíquicas adormecidas e que quem consegue desenvolver e aumentar a porcentagem, pode alcançar poderes inimagináveis.  

No entanto, são poucos os que sabem que a teoria já foi refutada e não passa de uma lenda urbana. Cientistas afirmam, por meio de pesquisas com aparelhos de ressonâncias e tomógrafos, que qualquer pessoa com funções cerebrais normais utiliza 100% da capacidade. Dá um Google aí e confere.  

Lucy, dirigido pelo francês Luc Besson, segue a linha de raciocínio da teoria e conta a história de uma mulher que sofre um acidente envolvendo drogas sintéticas e passa a desenvolver seu cérebro a ponto de controlar a tudo e todos ao seu redor. 

Besson é um diretor bem qualificado quando se trata de filmes de baixo orçamento em Hollywood. Mas, apesar da versatilidade, seus filmes possuem pouco vigor e personalidade. Quinto Elemento, de 1997, talvez tenha sido sua grande obra. Até agora, pelo menos. 

Isso porque Lucy apresenta bons elementos de roteiro - também escrito por Besson - e lembra certos truques de direção do mesmo, como os métodos de filmagem em velocidade. 

Ainda que teoria já tenha sido desmascarada, o roteiro se sustenta com bons argumentos baseados na pseudociência, sem comprovações por método. Ou seja, esqueça o que pode ser real ou não. 

O diretor francês constitui cenas alternadas entre ação e teorias, essas proferidas por nada mais, nada menos que Morgan Freeman, um professor renomado no assunto de capacidade cerebral. 

Além disso, esqueça o formato de ação com armas, tiros e sangue. Lucy levita, paralisa, e controla seus adversários. Scarlett Johansson é o grande nome e faz um excelente trabalho. A atriz tem se mostrado cada vez mais experiente e ousada em suas escolhas de papéis. É bom ver que ela não se contenta com blockbusters no estilo de Os Vingadores. 

A narrativa de progressão faz com que o público acompanhe a evolução da personagem, inclusive com a porcentagem da capacidade do cérebro usada mostrada na tela, criando o suspense de que o que pode acontecer quando ela atingir os 100%.  

Mas é exatamente nesse terceiro ato que a trama se perde numa questão metafísica um tanto quanto duvidosa com cenas um tanto quanto confusas que beiram o trash. 

Deixando de lado a veracidade, Lucy se torna uma ficção científica funcional e bem qualificada. Em meio a um bloqueio criativo no gênero, a premissa do diretor é interessante e ele mesmo deixa elementos soltos e absurdos para que ninguém leve o filme tão a sério. Que assim seja.
Nota:

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