Todos os anos, inúmeros filmes do gênero do terror são lançados nos cinemas sempre com a premissa de baixo orçamento e elenco de médio escalão. Sendo assim, o formato chega à sua exaustão e faz com que o gênero se torne algo banalizado e sem personalidade. Mais do mesmo, melhor dizendo.
Foi aí então que Invocação do Mal chegou às telonas em 2013 e deu um gás a mais para empolgar os amantes do terror. O filme alcançou recordes de bilheteria e superou a marca de U$ 300 milhões com um orçamento de apenas U$ 20 milhões. Como eu não vejo nada demais no formato, achei médio. Nem memorável, mas longe de ser aqueles filmes de terror de péssima qualidade. É um filme Ok.
Mas poucas pessoas possuem essa opinião, o sucesso dele foi tão grande que resolveram fazer não só uma continuação, que estreia em 2015, como também decidiram produzir um Spin-Off.
Annabelle conta a história da boneca assustadora vista em Invocação do Mal. Nele, Mia (Annabelle Wallace) e John (Ward Horton) formam um casal à espera de seu primeiro filho. Numa noite, a casa deles é invadida por dois membros de uma seita satânica e um deles comete suicídio no quarto do bebê, abraçado com uma das bonecas da coleção de Mia.
Meses depois, o casal se muda mas percebe que coisas estranhas ainda acontecem no novo apartamento. E adivinha de quem é a culpa?
James Wan, diretor de Invocação do Mal deixa seu posto de diretor para John R. Leonetti, que por sua vez procura manter algumas características do diretor australiano ao executar cenas bem trabalhadas no suspense e gerar alguns sustos.
No entanto, a maior dificuldade do longa é exatamente esse: a preocupação em assustar mais do que transmitir o suspense, feito em pouquíssimas cenas, essas que são as melhores da trama, como a do elevador.
Ainda assim, o diretor americano não poupa boas referências na hora de impor seu trabalho por trás das câmeras. É quase impossível não assistir Annabelle sem sequer lembrar de O Bebê de Rosemary. Desde os elementos de cenário como o apartamento, até mesmo o carrinho de bebê tão icônico no clássico de Roman Polanski. Inclusive, o enredo situa bem o espectador aos anos 60 e o medo popular das seitas. Reparem que o filme cita a Família Mason em um noticiário, família essa que assassinou a mulher de Polanski. Easter eggs interessantes para quem gosta.
Quanto ao roteiro, a história começa bem amarrada, mas perde a força conforme as coisas vão acontecendo. Ao chegar no terceiro ato, o público tem a impressão que foi feito às pressas, já que o desfecho é um tanto quanto clichê, caindo um pouco na questão piegas entre a relação de mãe e filho.
Enquanto Invocação do Mal possui mais arrojo para o suspense e deixa o espectador aflito, Annabelle consegue causar essa sensação em uma sequência ou outra e se preocupa mais em dar pequenos sustos no público. James Wan já provou em Jogos Mortais que a fórmula do novo terror é a angústia e apreensão. Mas parece que, mesmo na produção, o australiano não conseguiu ensinar seus dotes para Leonetti que, por sua vez, não aprendeu direito a receita.