Brincadeiras à parte (mesmo não sendo uma brincadeira), é fato que o cara sabe como ninguém transformar um filme em lucro. Pearl Harbor, Bad Boys, Armageddon e sua tão amada franquia Transformers estão aí para não nos deixar mentir.
Mas, o mais engraçado é que até mesmo quando ele é o produtor do filme, sua marca registrada está ali, como é o caso de As Tartarugas Ninja.
Fenômeno da cultura pop, As Tartarugas Ninja surgiram nos anos 80 como histórias em quadrinhos (ainda em preto e branco). Anos depois, Donatello, Rafael, Michelangelo e Leonardo migraram para os desenhos animados com o intuito de comercializar os personagens, que logo viraram longas metragens live-action e renderam uma trilogia nos anos 90 e uma animação em 2007. Onze anos depois, as tartarugas adolescentes, mutantes e ninjas estão de volta às telonas, dessa vez com a tecnologia CGI.
A produção é de Bay, mas quem dirige o filme não fica muito longe de suas características. Jonathan Liebesman é conhecido também por fazer filmes de níveis comerciais altíssimos, como os fracos Fúria de Titãs 2 e Invasão do Mundo: Batalha de Los Angeles.
No entanto, existem alguns (pequenos) detalhes que fazem com que o diretor sul-africano consiga impor o seu trabalho. A começar pela duração, que possui pouco mais de 1h40 e não intermináveis horas como Transformers.
Outra diferença é o fator consigo-ver-o-que-está-acontecendo. As cenas de ação constituídas por Bay são nada mais, nada menos que uma câmera de baixo pra cima (não escapamos dessa nesse filme) e com grande movimentação para omitir os efeitos especiais e deixar o espectador observando um monte de riscos e pancadas sem saber quem é quem. Liebesman não deixa isso acontecer e o público sabe exatamente quem está apanhando e quem está batendo.
O roteiro, escrito por três pessoas (!!!) é um tanto quanto fraco: História rasa, que serve apenas como pretexto para que as tartarugas sejam introduzidas. O tom de seriedade é um agravante, já que a própria história dos desenhos/quadrinhos/filmes anteriores é bem mais despretensiosa. Temos alguns pontos em que a verdadeira essência das tartarugas entram em cena, como uma ótima dentro de um elevador. Mas é fato que falta uma aproximação entre os quatro irmãos liderados pelo Mestre Splinter (feito um tanto quanto nojento, diga-se de passagem).
Rafael é uma das principais falhas da trama. Criaram uma disputa entre liderança dele com Leonardo que não há razão de ser, além de terem exagerado um bocado no quesito rebeldia. Ele é o mais alto dos quatro, o mais forte, usa um palito de dente na boca ao maior estilo wanna be Stallone Cobra. Sério, Michael Bay e companhia?
Além disso, a história parece ser mais focada em April O'Neil do que nos próprios protagonistas que intitulam o filme. Megan Fox mostra que não evoluiu como atriz desde sua demissão em Transformers e não convence no papel da jovem. Não existe a empatia da personagem com o restante, principalmente com Michelangelo, o irmão pelo qual ela tem mais proximidade. Talvez isso seja desenvolvido nas sequências.
O elenco também conta com William Fichtner, Woopi Goldberg e Vernon Fenwick, que fazem trabalhos medianos e de pouco destaque.
Com clima nostálgico para os fãs, As Tartarugas Ninja é o típico filme de puro entretenimento. Está longe de ser memorável, mas também longe de ser essa porcaria que todos dizem. Sim, o longa é Michael Bay de ponta a ponta: Produção megalomaníaca com efeitos visuais deslumbrantes e enredo fraco.