Quando escrevi sobre Planeta dos Macacos: A Origem, em
meados de 2011, comentei sobre como filme superou todas as expectativas se
tornando um dos melhores dos últimos anos. Todo aquele lance de ter a
tecnologia ao lado de um bom roteiro, e como seria desenvolvido o desenrolar da
história que todos já sabem o final.
Pois bem. Três anos se passaram e
o reboot de Planeta do Macacos chegou ao seu segundo filme. Mudaram os atores humanos
e o diretor, mas não os roteiristas, muito menos os que interpretam os símios,
e é isso que importa.
Planeta do Macacos: O Confronto avança dez anos após os
acontecimentos do primeiro filme. A humanidade está praticamente dizimada
devido a um vírus símio que se espalhou pelo planeta. No entanto, um grupo de
sobreviventes vai em busca de uma usina hidroelétrica e, sem saber, invade as
terras de Cesar, iniciando uma certa sensibilidade entre as duas raças.
A força do roteiro novamente se
torna o destaque do longa junto à perfeição da tecnologia. O CGI (captação de imagem) novamente dá
as caras e se consolida ainda mais como uma alternativa na produção de filmes.
Sequer percebemos a presença da tecnologia e chegamos a acreditar que os que
contracenam são mesmo macacos e, sinceramente, mal sentimos falta da presença
humana em algumas partes.
Se em A Origem tínhamos o foco total nos humanos, O Confronto é completamente voltado aos símios que, por sua vez
estão mais desenvolvidos e mostram como estão adaptados, formando uma
verdadeira aldeia onde o maior objetivo é a união entre eles. "Macaco não
mata macaco" é o lema principal, já que Cesar acredita que a humanidade só chegou no estado atual por conta
própria. Uma das provas de que a história é recheada de metáforas e críticas sociais,
algo difícil de se ver em blockbusters.
Outro destaque interessante é a
forma de comunicação retratada. Nem todos eles sabem falar e até mesmo os que
sabem, falam de forma razoável. Bem mais coerente.
A trama é dividida em dois atos:
Uma introdução bem desenvolvida que situa bem o público, tanto no lado humano,
quanto o dos símios e o segundo ato que faz jus ao subtítulo. Porém, é na
direção que o filme encontra suas dificuldades. Matt Reeves, que comanda o longa, peca pelo excesso de sentimentalismo.
Por ter mais de duas horas, a impressão que fica é que muitas partes poderiam
ter sido mais objetivas, o que o tornaria muito melhor.
Felizmente, temos alguns bons
atores que se destacam e seguram a barra em parceria com a tecnologia e uma certa
simetria. Os dois lados possuem personagens do bem e do mal. No dos humanos, Jason Clarke faz o bom papel do mocinho
e homem consciente do que pode acontecer caso eles provoquem a raiva dos
selvagens, enquanto Gary Oldman, em
uma atuação nem tão primorosa quanto costuma fazer, é o responsável pelo
militar que está disposto a tudo para manter a sobrevivência.
Na verdade, não pode se dizer que Oldman é um vilão, já que existem motivos plausíveis para agir dessa maneira.
Como é o caso do símio Koba, interpretado
por Toby Kebbell. Seu ódio por humanos é devido a
seu sofrimento dentro dos laboratórios de experiências, nada mais justo que
queira de qualquer forma se vingar deles. No entanto, seu ódio o torna cego
suficiente para passar por cima de quem for para alcançar seu objetivo.
O maior trunfo dessa sequência é o
mesmo do anterior: Andy Serkis. O
cara nasceu para fazer papéis por trás do CGI e mais uma vez interpreta Cesar com perfeição. O personagem é o
centro da história, mas a força do ator dá o quê a mais para ele. Em breve, veremos o ator ser indicado a alguns prêmios por suas atuações memoráveis. Definitivamente
essa tecnologia não é mais uma novidade e está consolidada no mercado do
cinema.
Com ótimas sequências de ação,
boas atuações e alguns deslizes, Planeta
dos Macacos: O Confronto pode ser inferior ao primeiro da saga atual, mas
possui um bom e coerente roteiro, além de cumprir seu papel como filme do meio
se for considerar uma trilogia. Ele nos prepara para a sequência e nos deixa
com aquele gostinho de quero mais. Como diz Cesar em uma das cenas (e no
trailer, então não reclamem de spoilers): A guerra já começou.