Robert Zemeckis é um diretor clássico, renomado, criador de uma das franquias mais divertidas da história: De Volta Para o Futuro. Porém, na ultima década o diretor optou por mergulhar no mundo da animação de captação digital como Expresso Polar e A Lenda de Beowulf. Depois de passar doze anos dentro deste errôneo gênero, o vencedor do Oscar de melhor diretor por Forrest Gump está de volta aos filmes Live-Action, e prova que não perdeu a mão.
O Vôo conta a história de Whip Whitaker (Denzel Washington), um experiente piloto de aviões comerciais que se vê entre a espada e a cruz. Whip é responsável por salvar a vida dos passageiros devido às suas manobras arriscadas e corajosas durante um acidente aéreo. Porém, junto a todo esse fardo de herói, vem seu maior problema: Seus vícios. O uso de álcool e drogas antes e durante o voo trazem a tona uma situação extrema, onde o herói passa a ser vilão.
O diretor faz um belo trabalho e ainda mostra que seu maior mérito são suas formas de conduzir histórias pessoais com perfeição. O acidente é retratado com precisão, onde serve apenas de chamariz para o espectador, que é então atraído para um poderoso conflito do protagonista, que precisa optar por se tratar do vício ou se manter nele de vez e viver como herói. Além disso, sua condução durante a cenas de suspense é incrível. Nunca um frigobar foi tão amedrontador. O diretor faz questão de nos lembrar não do acidente, mas da angústia em que vive uma pessoa prisioneira de seus vícios e suas consequências, mas nada disso seria tão bem retratado se não fosse o ator principal.
Confesso que sou um pouco desfavorável ao falar de Denzel Washington. São pouquíssimos os filmes que gostei onde ele é um dos protagonistas, não é um ator que me faça mover montanhas para assisti-lo, é uma questão complexa, de afeição melhor dizendo, afinal muitos os nomeiam como um dos melhores de sua geração. No entanto, devo admitir que se não fosse ele, esse filme não teria nem um terço de sua qualidade. O ator é simplesmente o grande pilar que há na trama. Denzel Washington coloca todo seu talento e se entrega completamente ao papel, onde faz com que o personagem se torne detestável perante o público.
Junto a ele, vemos um elenco eficiente com John Goodman, que, mais uma vez é o responsável pelo alívio cômico da história, o ator sabe muito bem conduzir filmes de cargas emocionais elevadas com carisma. Já Kelly Reilly apesar de ser jogada às pressas na trama, acaba virando essencial no decorrer dela.
Outro ponto a se destacar é sua trilha sonora, mesmo que discreta, ela contribui para que o espectador tenha a mesma sensação dos personagens. A trilha vai de Red Hot Chilli Peppers, até um emblemático Simpaty for The Devil, dos Rolling Stones.
Com um acidente aéreo usado como pano de fundo e com atores fazendo a diferença, O Voo é um filme que nos conduz a perceber que para ser herói do povo, é necessário ser um herói para si mesmo. Apesar de impactante, está longe de ser um filme inovador ou fantástico, é apenas um bom drama, que, ao final fez o que não deveria, se deixou levar para o lado piegas da situação.
Nota:
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