J.R.R. Tolkien conquistou o mundo com sua trilogia chamada de O Senhor dos Anéis, em que a história se passava na terra média, onde após herdar um anel de seu tio Bilbo, o hobbit Frodo, junto a outros hobbits, homens, um elfo, um mago e um anão devem conduzi-lo através da Terra-média até as Fendas da Perdição, onde foi forjado, e destruí-lo para sempre. A jornada os faz entrarem no território de domínio de Sauron, o Senhor da Escuridão, onde ele está reunindo seu exército de orcs.
No entanto, essa saga nunca poderia ter sido feita, se não fosse o sucesso de outra obra. Uma que o escritor britânico fez para seus filhos, de gênero infanto-juvenil, intitulada de O Hobbit. Livro que se passa 60 anos antes da guerra pela terra média, conta a história de Bilbo Bolseiro, enquanto jovem, recebe a visita do Mago Cinzento, Gandalf, que promove um jantar para treze anões na casa do hobbit, para tratar sobre a reconquista da Montanha Solitária, terra antiga dos anões, dominada pelo dragão Smaug. Após a persuasão de Gandalf, Bilbo se vê obrigado a entrar na jornada junto ao anões. Uma jornada em que, se ele voltar, nunca mais será o mesmo.
A ideia de passar a história que deu origem à saga do Anel para o cinema, já vinha desde o fim da trilogia. Porém, houveram inúmeros empecilhos, e até mesmo um suposto abandono de Peter Jackson na direção. Ao longo dos anos, tudo isso foi deixado para trás, e, eis que finalmente, O Hobbit está sendo exibido nos cinemas. Pelo menos a primeira parte.
E é graças à essência de Peter Jackson, que essa trilogia tem tudo para ser no mínimo parelha à inicial. Inteligente e cativante. É impressionante como o diretor consegue manter a linha criativa semelhante aos anteriores. Principalmente na questão de tempo, que, apesar de longo, em momento algum nos faz sentir o peso dele, nenhuma cena fica solta, muito pelo contrário, cada cena é essencial para o desenvolvimento da trama e dos personagens.
Podemos dizer que dessa vez, com exceção à exibição em 48fps, nada de inovador aconteceu. Tudo parece similar, como se já tivéssemos passado por essas terras, e é isso que Jackson se preocupou em fazer. Fez tudo parecer novidade, mas ao mesmo tempo, fez com que parecesse familiar, nostálgico. Deixou o clima e os ritmos semelhantes. Sim, voltamos à Terra-Média, e ela não mudou em quase nada. Desde os cenários lindos e planos abertos, como os artefatos utilizados anteriormente, como a espada que fica azul com a aproximação de orcs, que Bilbo deu a Frodo em A Sociedade do Anel. A produção inteira soube utilizar a tecnologia a seu favor, principalmente no quesito fotografia. Se já era linda há 10 anos atrás, imagine agora.
Dois personagens que ajudam nessa gostosa recordação, são Gandalf e o carismático Gollum (ou Sméalgol). O ótimo Ian McKellen aparece mais solto, menos sóbrio, mais cômico. No entanto, não perde a essência de Gandalf. Seus diálogos são memoráveis e cheios de bom humor. Já Gollum, interpretado pelo incrível Andy Serkis é fantástico. Mesmo computadorizado, é nítida sua atuação, assim como em outros papéis parecidos, como o macaco Ceasar em Planeta dos Macacos. A tecnologia avançada, faz com que a realidade seja inúmeras vezes maior que suas aparições em As Duas Torrese e O Retorno do Rei. Sua textura melhorou, parece ser mais real perante as cenas feitas junto a Bilbo, esse, interpretado por Martin Freeman, que se mostra o hobbit perfeito, suas características, reações faciais são dignas de uma ótima atuação, com cenas também cômicas e muito bem humoradas. O bom elenco não para por aí, os atores que compõem os treze anões, são espetaculares. Cada um mantém sua característica, e como disse anteriormente, Peter Jackson deu o tempo exato para a introdução de cada um, em uma sequencia sensacional no primeiro ato, envolvendo o jantar entre eles.
Outro ponto forte da trama é a trilha sonora impecável. Howard Shore mantém a tradição e a mesma música tema de O Senhor dos Anéis, simplesmente fantástico. Sem contar o tema principal, cantado pelos anões durante o jantar. Excelente melodia, de arrepiar.
Na medida certa, aqueles que amaram O Senhor dos Anéis, irão adorar essa nova saga. Quem não gostava, não vai passar a gostar.
Com um filme mais leve e cômico, Peter Jackson nos faz voltar à Terra-Média e seguir outra jornada de alguns anos de espera, dessa vez junto aos anões, e, claro o hobbit. Depois de J.R.R. Tolkien, Jackson é um dos principais realizadores desse projeto.
Sejam bem-vindos de volta às terras de magos, anões, elfos, hobbits e porque não, orcs. No tempo entre o Alvorecer das Fadas e o Domínio dos Homens.
Ps: Assistam primeiro em 24fps. Apesar das imagens fantásticas do 48fps, a tecnologia nos faz lembrar mais dela do que do próprio filme. A experiência é incrível, mas recomendo que assistam depois.


Nenhum comentário