Creed - Nascido Para Lutar


Superação. Essa é a palavra que rodeia por completo a franquia de Rocky. O primeiro foi escrito pelo próprio Sylvester Stallone, foi vendido por nada mais do que US$ 25 mil, uma participação de 10% no faturamento da fita e a garantia do papel principal para ele mesmo sem um pagamento adicional. Ele foi filmado em 28 dias, custou pouco mais de US$ 1 milhão e era esperado como um fracasso. Ledo engano. O filme faturou mais de US$ 110 milhões nos EUA e desbancou "Taxi Driver" e "Todos os Homens do Presidente" ao levar o Oscar de melhor filme do ano de 1976. Além disso, rendeu cinco sequência e agora um spin-off, "Creed".

Em "Creed - Nascido Para Lutar", Adonis Johnson (Michael B. Jordan) possui a luta está em seu sangue. Não para menos, afinal ele é filho de Apollo Creed. Após decidir entrar no mundo das competições profissionais de boxe, ele consegue convencer Rocky Balboa (Sylvester Stallone) a ser seu treinador em busca da glória.

"Creed" é um projeto arriscado, mas coerente. Franquias de sucesso sempre voltam, isso é fato. Porém, "Rocky Balboa" foi responsável por fechar de vez a carreira do boxeador e deixou bem claro: Rocky jamais voltaria aos ringues para uma luta. Sua idade era avançada e todas as suas motivações já haviam acabado, não havia mais razão para lutar, portanto, não haveria razão para um sétimo filme.

O jovem diretor Ryan Coogler entendeu bem a ideia e foi inteligente na construção do roteiro, ao lado de Aaron Covington. Rocky não pode voltar aos ringues para lutar, mas porque não voltar a eles ara ficar apenas no corner? E claro, não haveria ninguém melhor para ser treinado por ele do que filho de um de seus melhores amigos, Apollo Creed. E porque não usar bons elementos dos clássicos para a construção de um novo protagonista?

Coogler consegue trazer para o tempos atuais a romantização que o Boxe tinha nos anos 70. Em tempos de MMA, o esporte ficou um pouco de lado. Além disso, o filme leva ao espectador que é fã a nostalgia e a mesma estrutura do primeiro Rocky, mas com frescor e modernidade, exatamente para conversar com os mais jovens. "Eye of the Tiger" dá lugar ao hip-hop, o business em volta da luta se mantém, mas se adapta à comunicação atual, como as do evento do UFC e a grandiosidade de um evento.

No roteiro, o longa pode até conter alguns furos, mas não exagera em momento algum nas doses drama e nos alívios cômicos. Tudo é feito na hora certa e faz com que os personagens cresçam conforme os acontecimentos. O drama toma conta muitas vezes, mas está longe de ser piegas.

As sequências de lutas são um show à parte, o trabalho com as câmeras é muito bom e o realismo é impressionante. O último Rocky já continha semelhanças a assistir uma luta pela TV, mas desta vez o clima é real e interessante. Claro, espere todos os clichês possíveis dentro do ringue, mas isso não impede a plateia (que está atrás da tela) vibre e torça.  

O entrosamento dos dois personagens principais é o grande pilar do filme. Michael B. Jordan faz um ótimo papel e lembra muito a personalidade de Apollo, um pouco mais explosivo. Um grande trabalho. No entanto, Sylvester Stallone é quem rouba a cena. Esqueça, por mais que tentem, é impossível tornar Rocky Balboa coadjuvante de seu próprio filme. Ouso dizer que o longa tem muito mais a ver com mais uma redenção sua do que a superação de Adonis.  

Stallone mais uma vez nos dá um cruzado de direita com a mensagem clara de superação, e não só como Rocky. O ator, que parecia defasado e fora do mercado (salvo os de ação de sempre), volta com tudo para seu maior papel e faz uma de suas melhore atuações na carreira. Eu não achei que um dia diria isso, mas sua atuação é merecedora de prêmios (ele já ganhou o Globo de Ouro, por exemplo). Como personagem, há o mesmo clima do anterior e todos os dilemas que o envelhecimento traz e não só quando se trata de uma carreira. Claramente, é muito mais sobre a vida e a superação dela do que Boxe em si.  

Assim como toda sua franquia, "Creed – Nascido Para Lutar" é superação por todos os lados. Dentro dele, a redenção de um jovem com infância difícil e de um ex-atleta sem motivação seguir em frente. Fora dele, a renovação de um franquia, uma nova página escrita sobre Rocky Balboa e mais uma prova (ao lado de Star Wars e Jurassic World) de que é possível dar sequência aos clássicos com frescor ao mesmo tempo em que se agrada os fãs. Ao final a mensagem que fica é que não importa a idade, sempre é possível aguentar mais um round.


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