O Darth Vader é o pai do Luke. Pois é, se você não sabia disso (!!), me perdoe pelo spoiler logo no início. Mas eu te prometo que este será o último que você verá neste texto. Afinal, o assunto em questão é Star Wars Episódio VII – O Despertar da Força. O que não significa que devemos falar apenas sobre ele.
Vamos voltar no tempo, mais precisamente em 1977, o ano de estreia do até então Guerra nas Estrelas (o filme só teve os episódios muitos anos depois). A história de Luke Skywalker (Mark Hammil), Leia (Carrie Fischer) e Han Solo (Harrison Ford) contra o Império Galático e Darth Vader revolucionou o cinema e ali já se sabia que a franquia seria um sucesso, conquistando toda uma geração.
Três anos depois, foi a vez de estrear O Império Contra-Ataca, e é ai que eu quero chegar. O filme hoje é considerado o melhor da saga e possui, talvez, uma das maiores revelações de todos os tempos. Darth Vader era o pai de Luke Skywalker. Agora imagina, você que possui menos de 40 anos, como deve ter sido a repercussão na sala de cinema e como as pessoas devem ter lidado com tal revelação. Conversando com meu pai, ele me disse que, embora alguns já suspeitassem, isso foi uma verdadeira surpresa para todos. Sem as redes sociais ou tecnologia, era difícil alguém saber antes de ir ao cinema assistir. Isso marcou diversas gerações.
Corta para 1999, estreia de A Ameaça Fantasma. Uma forma de trazer os fãs de volta e conquistar os novos. Mas a magia já não era a mesma. O público, novo ou velho, sabia quem era Anakin Skywalker, e pelo andar da carruagem do primeiro episódio, não haveria nenhuma surpresa. E não teve, a trilogia decepcionou.
Dez anos depois, eis que chega 2015, os fãs voltavam a se empolgar com um novo episódio. Desta vez sem George Lucas no comando e com a Disney como detentora dos direitos da Lucasfilm, adquiridos numa transação bilionária em 2012.
O Despertar da Força já conquistou o público nos trailer. Pouca informação, quase nada sobre a trama e muitos fans services. Ou vai me dizer que "Chewie, we're home" não te fez arrepiar? E foi aí que o Episódio VII começou a conquistar o público.
A Disney cometeu um erro enorme no início do ano ao divulgar o trailer de Os Vingadores 2. Ele contava tudo o que acontecia na trama. Quando o filme estreou, só restava montar as cenas e já estava feito o enredo. Esse erro foi corrigido em Star Wars.
Nenhum trailer nos levava à trama. Sabíamos quem eram, os mocinhos, os vilões e os personagens clássicos, mas sem informação nenhuma.
17 de dezembro, a grande estreia. Ainda sem nenhuma informação e o filme começa. "Luke Skywalker está desaparecido" é a primeira frase do letreiro sob a trilha tão tradicional quanto os shows do Roberto Carlos no fim de ano. Chegou a hora. Você está pronto? Eu não estava.
"O Despertar da Força" se passa 30 anos após "O Retorno de Jedi". A Primeira Ordem, uma organização sombria iniciada após a queda do Império se ergueu e estão em busca do poderoso Jedi, Luke Skywalker. Mas terão que enfrentar outro grupo em busca de Luke: a Resistência, liderada por Leia.
J.J. Abrams, que fez Alias, Lost e resgatou Missão Impossível e Star Trekk das cinzas dirige o longa. E se há alguém para quem devemos muito, esse é o cara. Abrams tinha o desafio de rejuvenescer a saga junto aos roteiristas Lawrence Kesdan (O Império Contra-Ataca) e Michael Arndt (Jogos Vorazes: Em Chamas) e tentar apagar a péssima impressão que os prequels deixaram nos fãs, além de tentar trazer uma nova geração para dentro do universo criado por George Lucas.
Agora, você me pergunta, "Tá, mas pra quê tanta volta para chegar na resenha de 'O Despertar da Força'?" É simples, o maior acerto do novo Star Wars está no fator surpresa. O que você sabia do filme antes de estrear? Os trailers não indicavam nada e nem passavam detalhes da trama. Acredite, isso fez toda a diferença na hora de assistir ao filme. E não só nos fatores surpresas, mas na própria trama em si.
Outro grande trunfo é o respeito que Abrams teve à trilogia clássica e não cair no mesmo erro da mais recente. Alguns podem até mesmo citar o fato de que o filme tem a mesma estrutura e é uma repetição da trama de "Uma Nova Esperança", e pode até ser. Mas isso não significa que é uma cópia. Star Wars é uma história simples e usa a estrutura de roteiro da jornada do herói na sua forma mais crua e é isso que faz com que a saga seja tão apaixonante. E o diretor entendeu isso da melhor forma. Isso sem citar a forma com que ele mexe com a paixão dos fãs, e como mexe.
Os personagens e seus atores são outros pontos importantes. Elenco escolhido da melhor maneira possível e o trio protagonista executa um trabalho fantástico. Enquanto Oscar Isaac aparece pouco como um dos melhores pilotos da Resistência, John Boyega e Daisy Ridley estão quase sempre no centro das atenções e muito bem. Finn é o alívio cômico e aparece bem no apoio a Rey, esta a protagonista oficial e maior destaque. A personagem de Ridley evolui muito rápido na trama e atinge uma maturidade muito grande. A tendência é que ela se desenvolva ainda mais nos próximos. Se tem algo de bom que 2015 trouxe é a força das heroínas no cinema, caso da própria Rey e Furiosa (M
Outro que fez bom trabalho foi Adam Driver. O ator interpreta o vilão Kylo Ren, que neste início de trilogia se mostra um tanto quanto oscilante e conflituoso internamente. Outro que tende a evoluir muito no futuro.
Quanto ao trio de veteranos, podemos destacar Carrie Fischer como uma boa lider da Resistência. Mas é claro que Harrison Ford toma todos os holofotes para si. Mais uma vez a dupla Chewie e Han Solo proporcionam, além de boas sequências, aquela nostalgia que todos os fãs esperavam.
Ainda dá tempo de falar DO droid? Pois é, BB-8 é perfeito. O pequeno robô-bolinha é uma mistura de R2-D2 e Wall-E e demonstra perfeitamente seus sentimentos. Que mérito dos produtores ao colocarem ele como um dos pilares do filme.
Ao fim de tudo, "O Despertar da Força" é Star Wars na sua mais pura essência. É uma pequena viagem a 1977, ou no meu caso, aos anos 90, quando assisti pela primeira vez. Ele nos ganha pela nostalgia, ele nos ganha pela história, ele nos ganha pelos personagens, ele nos ganha pelas surpresas. Ele nos ganha. O novo episódio de Star Wars vai te fazer ir do riso ao choro em minutos. E vai te fazer sair da sala extasiado. Depois, pode me cobrar se você não sentiu nenhuma empolgação quando viu a Millenium Falcon de novo ou sentiu algum arrepio ao ouvir novamente a trilha sonora de John Williams. Depois não diga que não avisei. Que a força esteja com você :)
OBS: É impossível classificar esse filme apenas com claquetes
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