Série Oscar 2013: O Lado Bom da Vida

Que o cinema sofre uma superlotação de comédias românticas não é nenhuma novidade pra ninguém. São Inúmeras tramas que caem nos clichês com enredos previsíveis e fracos. Claro, alguns até se destacam, seja pela história envolvente, ou elenco com boas atuações, porém, dificilmente as duas coisas andam juntas quando se trata desse gênero. E, finalmente, surge um filme envolvente, com ótimas atuações, enredo criativo e cativante. Porém, previsível.

Dirigido por David O. Russell, O Lado Bom da Vida é baseado no livro de mesmo nome, de Matthew Quick, e conta a história de Pat Solitano (Bradley Cooper), um homem que após ter tido um ataque de fúria ao encontrar sua esposa com outro homem, foi mandado judicialmente para uma clínica de tratamento para pessoas com distúrbios mentais. Após ser liberado, Pat começa a ter acompanhamento psiquiátrico, passa a viver na casa de seus pais e planeja recuperar tudo o que perdeu, inclusive sua ex-esposa. Mas, ao conhecer Tiffany (Jennifer Lawrence), uma mulher tão problemática quanto, Pat parece traçar novos objetivos.

O grande mérito de O Lado Bom da Vida talvez seja o fato da trama não utilizar a dramaticidade barata, algo comum em filmes do gênero. A mescla de drama com comédia funciona, ao ponto em que nos vemos dando boas risadas, e, em seguida nos deparamos com conflitos pertinentes e reais. A maneira simples e divertida de se retratar o transtorno bipolar, uma doença que tem ficado em evidencia nos últimos anos é incrível. Uma prova disso, é uma cena em que o protagonista arremessa um livro de Ernest Hemingway pela janela, e acorda seus pais contando sua frustração com o desfecho da história. Uma cena, que, apesar de demonstrar como as pessoas que possuem esse transtorno lidam com suas indignações, se mostra divertida e gostosa de se ver. A cenas dramáticas são tão pontuais quanto as cômicas, que nenhuma das duas soam superficiais.

Obviamente, existem outros elementos que fazem com que o filme tome tanto destaque na indústria, esses elementos se resumem em dois dos mais badalados atores em Hollywood: Bradley Cooper e Jennifer Lawrence. Cooper, mais rodado em termos de filmes e papéis, parece seguir sua carreira em filmes pipoca, de mais destaque na mídia, o que não é uma crítica, pois o ator se mostra em uma ascensão muito grande, o que pode levá-lo futuramente a ser considerado um dos melhores atores. Nesse filme, o ator é o centro das atenções, mal conseguimos perceber que é ele que está em cena, devido ao seu mergulho de cabeça no personagem, em todo momento, não vemos Bradley Cooper em cena, mas sim, Pat Solitano.
Jennifer Lawrence por sua vez, faz um bom papel, mas não justifica tanta badalação que vem tendo nos últimos meses. Infelizmente não há tanta identificação com ela como há com Cooper na trama. Em algumas situações, podemos perceber uma atuação forçada.

Robert De Niro faz uma ótima atuação no papel do pai de Pat. De Niro é um homem supersticioso e torcedor fervoroso do Philadelphia Eagles, um time de futebol americano. Seu fanatismo toma proporções hilárias e dramáticas ao decorrer do filme, o que se torna essencial para o desfecho. Há muito tempo o lendário ator não brilhava em um filme, talvez seja seu melhor papel em sua fase da terceira idade, claro, a qualidade do filme ajuda, e muito.

Por falar em qualidade, temos que destacar a de David O. Russell. O diretor já conseguiu fazer com que Christian Bale ganhasse o Oscar de melhor ator coadjuvante com O Vencedor. Mesmo com poucos filmes em seu currículo, Russell mantém a qualidade naqueles que faz. Não será nenhuma surpresa se conseguir arrancar um Oscar de filmes de maior expressão com O Lado Bom da Vida. Vale ressaltar que o filme é o único a ser indicado a todos os principais prêmios da noite: Melhor filme, diretor, roteiro, atores e atores coadjuvantes.

Como não pode faltar, são os pontos previsíveis e clichês na trama. Nada que interfira diretamente na qualidade, talvez até ajude a manter a leveza do filme, que se concentra nos conflitos de seus personagens e não na trama em si.

Simples e gostoso de se assistir e, mesmo não justificando sua badalação toda, o filme apresenta uma nova perspectiva no quesito de criatividade de roteiros do gênero.Envolvendo elementos distintos e personagens, que, mesmo tendo suas diferenças, percebem que são mais parecidos do que pensam quando se trata de encontrar o tal do lado bom da vida.

Nota:

Nenhum comentário

‹‹ Postagem mais recente Postagem mais antiga ››

Postagens populares