Godzilla


Godzilla de 1998 marcou minha infância. Lembro-me de quando o filme chegou nas locadoras pedia para meu pai alugar praticamente todos os finais de semana. O filme não é bom e está longe de ser, mas para uma criança de 7 anos que adorava Jurassic Park era fantástico.

Com o tempo, assisti alguns de seus clássicos e passei a gostar mais ainda do Rei dos Monstros. Quando assisti ao trailer do novo filme, pronto, precisava ver aquilo no cinema. Mas tem um detalhe, os trailers nem sempre dizem a verdade.

O filme começa com imagens de arquivos em que vemos os relatos de uma aparição do monstro em 1954 (uma referência ao original). Logo em seguida uma usina nuclear japonesa onde o engenheiro norte-americano Joe Brody e sua esposa Sandra trabalham sofre um grande acidente natural. Joe acredita não ter sido motivada por um terremoto e sai em busca das causas. O filme dá um salto temporal e Brody, se junta ao filho Ford e ao cientista Ichiro Serizawa na missão.

Gareth Edwards, que fez um bom trabalho em Monstros, assina a direção com o objetivo de recupear a credibilidade do lagartão em relação ao anterior. E até consegue quando se trata de reviver todo o prestígio que o monstro tinha/tem para os seus fãs. Porém, o grande acerto de seu filme anterior não se repete nesse.

Monstros tinha apenas dois protagonistas, o que dava uma força maior em sua direção de atores. Em Godzilla, temos um elenco numeroso, clichê e pouco eficaz. O homem que busca as causas da catástrofe que matou sua esposa, o garoto militar que precisa largar sua família e viajar ao Japão para ajudar seu pai, a esposa e o filho pequeno que o esperam e o cientista que busca informações do monstro, o governo que esconde informações da população e por aí vai. Sim, a leva de personagens é extensa e nenhum deles convence. Nem o Bryan “Walter White” Cranston convence no papel de Joe Brody. Aliás, Juliette Binoche, que interpreta sua esposa, deve estar ficando louca ao aceitar um papel tão inexpressivo quanto esse.


Já o protagonista Aaron Taylor-Johnson não decepciona, mas não mostra metade da qualidade que mostrou Kick-Ass e O Garoto de Liverpool. No mais, o restante do elenco é bem razoável.

Mas o problema maior não está em seus atores, mas no maior protagonista do filme: o próprio monstro. Suas aparições são poucas e se somar seu tempo na frente das câmeras não dá nem 40 minutos. Os dois outros (MUTOS) antagonistas aparecem praticamente o dobro. Mais parece um filme desastre genérico com uma participação especial do Godzilla.

Outra tentativa falha é tentar colocá-lo como uma espécie de herói. Ele tem seu quê de no máximo um anti-herói, mas ele não se importa com os humanos, com crianças e nem deveria olhar para o protagonista como se tivesse compaixão. Ou seja, ninguém quer ver o lagarto nipônico com cara de choro. Querem mesmo é ver ele causando a destruição em massa,  chutando bundas e, de preferência, durante o filme todo.

A expectativa é essa desde o início. Mas o espectador precisa esperar praticamente uma hora para ele aparecer de vez. E quando isso acontece, todos os dramas, conflitos, problemas e clichês que os personagens enfrentam são esquecidos. Ainda bem.

Se a ideia foi criar ele como uma espécie de herói, eu o vejo exatamente assim, mas no sentido de salvar o filme de ser um verdadeiro fiasco. Ele é gigante, ele é lindo, ele chega perto do visual clássico e solta seu raio atômico pela boca. Você diria: SUCESSO! Pois é, mas isso só acontece na ultima meia hora de filme. Uma pena.

Com ótimos efeitos visuais fantásticos e um trilha sonora discreta mas efetiva, Godzilla tinha tudo para dar ao Rei dos Monstros um longa à sua magnitude em homenagem aos seus 60 anos, mas pecou pela superficialidade do roteiro e o principal, esqueceram que esse era o filme dele. Como dito lá em cima, fica o trailer de consolação.


Nota:


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