O Espetacular Homem-Aranha - A Ameaça de Electro


Marc Webb é diretor de videoclipes. Já levou o prêmio de melhor direção no VMA de 2009 por 21 Guns, do Green Day. Neste mesmo ano, ele estreou como diretor de cinema em um dos filmes mais adoráveis e cultuados pelos hipsters nos últimos tempos: (500) Dias com Ela.

Logo em seguida, aceitou o desafio de recomeçar a história de um dos heróis mais queridos pelos fãs de HQs no cinema, o Homem-Aranha. Ele conseguiu mandar bem no primeiro, já está no segundo, e olha, vai longe...

 Em O Espetacular Homem-Aranha - A Ameaça de Electro, após derrotar o Lagarto e ver o pai de sua amada Gwen Stacy ser morto, Peter volta com a preocupação de cumprir o que prometeu a ele: Deixá-la longe de todos os problemas para protegê-la. Ao mesmo tempo em que precisa lidar com a volta de seu velho amigo Harry Osborn e a chegada do vilão Electro.

A trilogia de Sam Raimi não foi de todo ruim. O primeiro, inclusive, foi o começo de uma era de super-heróis no cinema. Mas o problema foi na forma com que o desfecho foi feito entre o segundo e o terceiro, esse que de longe foi um fiasco. O roteiro fracassou em um excesso de confianças e, os vilões, apesar de bons, não foram o suficiente para cobrir a falta de carisma de Tobbey Maguire como Peter Parker. Não tinha uma identificação do público

E era aí que morava o desafio de Webb e os produtores dessa nova saga. A história já havia sido contada, e todos já estavam cansados daquele moralismo de que grandes poderes vinham com grandes responsabilidades. Tudo isso poderia soar impossível, se o diretor não fosse tão bom em transmitir a linguagem atual para suas obras, sejam elas nos clipes, ou nos filmes.

Sua grande virtude é exatamente essa: Ele sabe exatamente como passar a mensagem de uma forma simples. Sabe como encantar e emocionar seu público sem parecer piegas. E além de tudo, soube trabalhar em cima de um roteiro que qualquer falha poderia colocar tudo por agua abaixo.

(Mesmo tendo uma história fiel às dos quadrinhos, é melhor que o público saiba separar, para assim não se prender tanto a esses detalhes. É necessário saber apenas que o possível foi feito de maneira bem coerente.)

E digo que qualquer falha poderia colocar tudo a perder por um simples motivo: A repetição do erro de Raimi ao colocar três vilões na história. Não deu certo na primeira, e, por pouco não deu certo na segunda.

Electro é o principal vilão, porém, Harry surge como o Duende Verde e Rino aparece em duas ocasiões sem tanto prestigio, mas importante para o andar da carruagem e da franquia. E por isso dá certo, porque nenhum deles se sobrepõe ao outro e não estão lá apenas para cumprir papel, mas porque finalmente tem um contexto sucinto. Todos tem seu devido espaço dentro da trama. Rino, talvez tenha sido o mais preterido e até mesmo um pouco desnecessário.

O que pode prejudicar mesmo o desempenho do filme para alguns é o excesso de informação que ele contém. Tem tanta coisa acontecendo ao redor de Peter que muitos podem se perder.

São vilões surgindo, sua preocupação em se manter um sobrinho/filho presente, a história mal contada de seus pais, sua crise no namoro, entre outras coisas. Por sorte, a mão de Webb aparece novamente ao trabalhar com sensatez a mente do herói, principalmente quando se trata de suas relações afetivas.

Claro que a boa direção vem acompanhada de ótimas atuações. Andrew Garfield e Emma Stone fazem um dos casais mais compatíveis que já vi nos últimos tempos. São namorados na vida real e conseguem trazer isso para a ficção. Os momentos felizes são naturais, espontâneos e os tristes mais parece um soco no estômago do espectador. Há muito tempo não vejo um casal que combine tanto em um filme. Sally Field é outra que se destaca no papel da Tia May. Sua carga emocional é impressionante.

Já os vilões também desempenham ótimos papéis. Jamie Foxx faz um Electro bem caricato e parecido com o dos quadrinhos. Dane Dehaan, praticamente um estreante no cinema, dá vida a Harry Osborn e atua um tanto quanto frio durante boa parte do filme, mas vai amadurecendo e ganhando forma no decorrer dele, suas características como o herdeiro da Oscorp são bem trabalhadas. Já Rino é interpretado por alguém tão caricato quanto o vilão: Paul Giamatti. Ele aparece pouco, mas convence como um dos vilões mais bobalhões do universo Marvel.

Sob ótima trilha de Hans Zimmer (he did again), O Espetacular Homem-Aranha - A Ameaça de Electro possui todos os elementos que o público está cansado de ver em filmes da Marvel. Tem comédia, drama, conflito existencial, cenas de ação e cidades destruídas. Mas a vantagem deste está em um detalhe: Marc Webb, que conseguiu por meio de cores, linguagem atual e foco emocional dos personagens, fazer uma das melhores adaptações de quadrinhos e dar uma sobrevida ao Amigo da Vizinhança.

Ah, e prestem MUITA atenção nas imagens dos créditos.

S     E     X     T     E     T     O

Nota:

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